Porta-retrato
Porta-retrato
Nascer, estar sobre a dependência de sua mãe;
Dar os primeiros passos, cair, ralar os joelhos, fixar ao chão e continuar caminhando;
Sonhar que crescia, gritar que bicho papão vem vindo pegar a menina respondona;
Ah!! Dias nublado, frio ardente, o córrego travestido de cisne;
A menina frágil, de mãozinhas agitadas, querendo uma explicação: Como um cisne foi parar ali, naquele córrego asqueroso?
Ele inerte em sua plenitude, deslizava sobre as águas sujas e como num passe de mágica desapareceu;
A menina em suas lembranças, mantinha em seu porta-retrato, o cisne que aparecia nos livros da escola e se divertia no córrego próximo a sua casa;
Ah!! A escola era maravilhosa, a professora doce, cuidadosa, pegava as mãozinhas e fazia traços virarem realidade;
Toda quarta, todos se enfileravam no pátio e cantavam o hino nacional, a bandeira asteada passava a ideia de extremo patriotismo, era um momento de orgulho, que se enquadrou em outro porta-retrato;
A menina cresceu, estudou, foi trabalhar;
Outra vez um porta-retrato se formou, enquadrou uma vida de rotina e correrias, até tropeçar no amor e uma nova realidade nascer e constituir vários momentos;