A ignorância era uma benção

Talvez, a pior coisa que já tenha me acontecido, foi ter descoberto que um dia irei morrer. Isso, junto com a noção de que a vida passa rápido, que ela é curta.

Por outro lado, diz certa lógica que se ela, a vida, realmente é um sopro, o mais sensato seria aproveitá-la. Porém, no meu caso, saber da sua brevidade as vezes surte o efeito contrário, me faz sim, questionar o sentido de todo esforço inerente a essa existência. Atinar que daqui a pouco estarei morto, colocou muitos “porquê” e “para quê” no jogo.

Contudo, antes, quando eu não pensava nesse tipo de coisa, eu existia e, por mais que a vida fosse dura, miserável, difícil, a existência daquela criança que fui, era prazerosa na maior parte do tempo, fazia sentido. Ou melhor, o sentido do “porquê” e “para quê” nem sequer era pensado, não havia esta questão. Viver, existir, era algo em si mesmo, não havia qualquer necessidade de ser explicado. A ignorância era uma benção.

Todavia, decerto, toda esse meu raciocínio, é só falta de neurotransmissores mais eficientes. Afinal, tudo é biologia, correto? Ou, vá lá, de uma melhor perspectiva, do retorno da criança.

Tiago F T
Enviado por Tiago F T em 14/04/2024
Reeditado em 14/04/2024
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