PERDI 100 REAIS

PERDI 100 REAIS

Autor: HERIBALDO DE ASSIS *

Hoje (14/04/2024) perdi 100 reais (logo eu que estou desempregado) – mas essa crônica não é sobre a perda de uma quantia em dinheiro que caiu do bolso da minha calça e caiu no chão em algum ponto de algumas ruas nas quais passei em meu bairro: essa crônica é sobre a honestidade!Fosse eu a achar 100 reais faria o possível para encontrar o dono pois é assim que se age: devemos querer apenas o que é nosso!O lucro fácil, por vezes, custa corromper a consciência (consciência que vale mais que todas as riquezas materiais do mundo) – então quem encontra objeto de valor alheio e não esforça-se para devolvê-lo está, na verdade, corrompendo-se.Infelizmente, vivemos em um país no qual a corrupção tornou-se algo corriqueiro – mas cabe a cada um de nós esforçarmo-nos para que a corrupção seja banida dos noticiários deste país pois não é lesando alguém que seremos felizes, não é vendendo nossas almas e consciências que seremos felizes!Não existe diferença nenhuma entre o bandido que comete assaltos à mão armada e aquele que encontra objeto ou quantia de valor e não procura devolver ao verdadeiro proprietário – a sagrada honestidade precisa ser um esforço coletivo para que este país e o mundo finalmente seja um lugar melhor.E não existe corrupção leve ou corrupção mais grave: corrupção é corrupção – furtar centavos ou milhões é o mesmo furto; desviar um saco de arroz ou toda uma merenda escolar é o mesmo furto.Então se através dessa minha rápida e humilde crônica eu conseguir que alguém finalmente se redima e passe a se tornar uma pessoa honesta então valerá à pena eu ter perdido aqueles 100 reais pois a construção de um mundo melhor e uma sociedade justa e pacífica não tem preço!Decerto que aqueles 100 reais irão fazer-me falta (assim como fazem falta os milhões desviados pelos corruptos neste país) – mas eu estou pagando 100 reais para fazer essa crônica e transmitir essa bela mensagem: estou tentando transformar um acontecimento negativo em algo positivo – até mesmo para consolar-me do fato de ter perdido os 100 reais.Infelizmente já perdi muito mais – perdi a paz, perdi um pouco da esperança, perdi as boas oportunidades que nunca me foram dadas (mesmo com todo meu talento).Felizmente estou vivo e quero continuar sendo um cidadão honesto que devolve troco a mais, um cidadão que quando encontra um objeto perdido procura encontrar o verdadeiro dono – 100 reais, 1 milhão, 1 bilhão jamais irão comprar minha consciência: meu talento e meu caráter valem muito mais!O bem mais precioso não é o que tenho (e quase nada tenho) ou o que posso passar a ter: o meu bem mais precioso é o que sou!E é isso que conforta um cidadão desempregado, humilde mas honesto – o orgulho e a alegria de ser o que se é, a satisfação de poder encostar a cabeça no travesseiro e dormir sem o peso na consciência de ter prejudicado alguma criatura inocente. O honesto não é um tolo – tolo são aqueles que se corrompem pois o preço da corrupção é a violência, a morte e a perda da alma – corrupção e criminalidade andam de mãos dadas causando a morte de inocentes, destruindo vidas e espalhando terror e sofrimento!Ser honesto também significa não ter as mãos sujas de sangue – esse valioso sangue derramado cruelmente por aqueles que colocam o lucro acima da vida. Costumo dizer: quero apenas o que é meu.E o que vai ser destinado será muito mais valioso que 100 reais – não porque eu queira uma recompensa por ser honesto (ser honesto é um dever) mas para mostrar ao mundo que podemos vencer de forma honesta, sem prejudicar ninguém sem passar por cima de ninguém, sem apossar-se do que pertence a outrem.Essa é a verdadeira vitória: aquela que advém do Bem e não do mal, da honestidade e não da honestidade, da paz e não da violência.Tenho uma frase que diz: quem se vende não vale um centavo!Corremos atrás de riquezas (muitos buscam até riquezas ilícitas) e, por vezes, perdemo-nos nessa busca desenfreada pelo lucro – negligenciado assim o mais belo tesouro que temos dentro do âmago do nosso ser: a consciência, a alma!

(* escritor, filósofo, poeta, compositor, redator-publicitário, roteirista, Licenciado em Letras e autor do livro Redações Artísticas – a arte de escrever. E-mail: redacaoartistica@hotmail.com)