UMA MANHÃ ESPECIAL DE DOMINGO

Para quem valoriza o ambiente externo, a chegada do outono, mesmo aqui, nesses tristes trópicos, espanta de vez aqueles intermináveis dias acalorados e simultaneamente deixa para trás os tons apasteladas, que tão bem caracterizam o verão.

Daqui para frente passamos a desfrutar de temperaturas mais amenas, principalmente ao final da tarde, e também conviveremos com menos chuvas, afinal as águas de março já fecharam o verão e agora desfrutaremos de dias com cores mais vibrantes, ênfase para céu, que nos brindará com aquele profundo azul.

O nosso combinado era um encontro de trabalho, num dos principais ícones de entretenimento da cidade e que sempre me propiciou deliciar de suas diversificadas propostas culturais. Foi nesse templo, que acompanhado de meus filhos, cada um há seu tempo, que tiveram a oportunidade de desfrutar do melhor entretenimento, pois independente do tema da exposição, da oficina, do teatro, da música e ainda ao final da tarde da seção de cinema infantil, filme esse que algumas vezes vinha acompanhado de distribuição de um livro e da fala da algum responsável pela película exibida.

Eu nunca escondi de ninguém, essa minha identificação com temas infantis, e naquelas longas tardes de sábado ou domingo conseguia um álibi perfeito para desfrutar dessas infinitas brincadeiras levadas muito a sério, tanto pela garotada, como por quem as produzia.

Em alguns momentos outros centros culturais até apresentavam programação de qualidade, mas nunca com a diversidade e continuidade que o CCBB conseguia promover.

Depois dessa programação intensa, tanto o Nando, como a Ju voltavam para casa aos frangalhos, muitas vezes já dorminhocando já no trajeto de volta.

Esse flashback passou pela minha cabeça ontem na companhia de duas colegas para lá de especiais. Essa tamanha falta de tempo acabou nos empurrando para trabalhar nessa ensolarada manhã de domingo. Esses encontros, por incrível que possa aparecer, resgatam uma necessidade ainda não saciada de busca pelo conhecimento, que anos de pesquisa sempre se impuseram no meu cotidiano de trabalho, que a aposentadoria conseguira silenciar, mas que agora refloresce com um vigor especial.

Já faz algum tempo, que o CCBB disponibilizou um amplo espaço em suas dependências para quem precisa trabalhar, ou mesmo levar adiante uma reunião de trabalho. O ambiente dispõe de excelentes comodidades como: mesas, cadeiras, internet, tomadas, uma cafeteria, tudo isso em ambiente refrigerado, e o mais importante sem custo.

Você poderia a princípio até se sentir em algum país nórdico, não fosse a completa falta de noção de algumas famílias, que por completa ausência de educação que também desfrutam do local a sua maneira. Ocupam mesas e cadeiras para bater papo, enquanto saboreiam quitutes do bistrô, seus filhos brincam de correr e gritar, nesse ambiente onde deveria prevalecer o silêncio.

Essas coisas já se encontram tão arraigadas no espaço, que os próprios funcionários da instituição se mantêm inertes, sequer tentam algum tipo de reação, e isso ficou evidente quando constatei que alguns usuários do espaço, já chegam com seus laptops e fone de ouvido na cabeça, para assim, não sofrerem interferência da bagunça dessas famílias, no mínimo pouco criativas.

Nossa reunião de pouco mais de duas horas exigiu muita concentração, pois nada mais dispersante que gritos e correrias de crianças que realmente precisam gastar energia a sua maneira.

Apesar dos pesares, conseguimos sim, avançar no desenvolvimento de nossas pesquisas, e acredito até que de forma mais efetiva, que em nossos encontros virtuais semanais.

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 22/04/2024
Código do texto: T8047219
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