MISCELÂNEA MENTAL

Francisco de Paula Melo Aguiar

Não faz muito tempo seu moço, porém, lá se foram 60 (sessenta) anos.

Era o período da Ditadura Militar nascida em 31 de março de 1964.

No Brasil só existiam dos partidos, o MDB - Movimento Democrático Brasileiro e ARENA - Aliança Renovadora Nacional, ambos nascidos do referido regime, apesar do primeiro dizer que era da oposição e o segundo da situação.

O presidente da República era eleito por uma Colégio Eleitoral e os governadores dos Estados indicados pelo presidente da República.

Nas capitais e nas cidades declaradas de segurança nacional os prefeitos eram nomeados por quem fosse de confiança do regime. O eleitor assim só elogia os vereadores das capitais.

Nos demais municípios do Brasil, o eleitorado elegia prefeitos e vereadores.

Uma democracia limitada pela Ditadura de 1964, tendo como lema "ame-o ou deixe-o", dentre outros jargões.

Assim era a miscelânea mental da Ditadura de 1964 no Brasil.

Era gente presa e cassada todos os dias, bastava não rezar no rosário do governo federal de plantão, a pedido ou não dos chefes políticos dos Estados.

Era a política de terra arrasada em termos de liberdade ideológica, porém, foi aí que aconteceu o milagre brasileiro da economia e das finanças.

Ressaltamos que "não é mau admitirmos de vez em quando que um pensamento vasto e abnegado é uma coisa excelente, mas a realidade só começa com a ação. O que constitui, propriamente, todo o nosso destino são aqueles dos nossos pensamentos que, pressionados pela multidão de pensamentos incompletos, obscuros, quase indistintos, tiveram a força, ou por fim cederam, à necessidade de se transformar em fatos, gestos, sentimentos, hábitos. Isso não quer dizer que devamos negligenciar os outros. Os nossos pensamentos, em torno da nossa vida real, são como um exército que sitia uma cidade. É provável que a maioria dos soldados, quando a cidade for tomada, não entre no seu interior. Serão postos de lado, em particular, os ajudantes, os brutos, todos os bandos informes que facilmente se entregariam à embriaguez da pilhagem, das chamas e do sangue. Também é provável que dois terços das tropas não participem no combate decisivo. Mas, muitas vezes, precisamos das forças inúteis; e é evidente que nem a cidade teria tremido, nem nunca teria aberto as suas portas, se o exército não tivesse sido inumerável ao fundo das planícies e bem disciplinado ao pé das muralhas", segundo o ganhador do prêmio Nobel de Literatura de 1911, dramaturgo, poeta e ensaísta belga de língua francesa Maurice Maeterlinck (1862-1949).

Por analogia, ter o pensamento em ação no Brasil na época da ditadura de 1964, era perseguido, inclusive obrigado a ficar calado para não ser preso como subversivo, condenado e ter os direitos civis e eleitorais suspensos. Não foram poucos os estudantes presos e declarados subversivos e condenados.

Muita gente presa, porque sonhava com a criação de sindicatos rurais e ou urbanos.

E até porque, ainda que por analogia, ditadura nunca mais, "ocorre o mesmo na nossa vida moral. Os pensamentos que não passaram para a realidade não foram totalmente vãos; empurraram ou sustentaram os outros, mas são estes os únicos que cumpriram a sua missão até o fim. Por isso, tenhamos sempre sob as nossas ordens, diante das grossas fileiras das nossas ideias confusas e entristecidas, um grupo de pensamentos mais confiantes, mais humanos, mais simples e prontos para penetrar com ousadia na vida", segundo Maeterlinck, já citado.

O tempo áureo da ditadura militar de 1964 veio com o AI -Ato Institucional n. 5, bem com o Decreto-Lei n. 477, de 26 de fevereiro de 1969, baixado pelo presidente Arthur da Costa e Silva, que previa a punição de professores, alunos e funcionários de estabelecimentos de ensino público ou privado, consirados culpados de subversão ao regime militar de 1964, porque pensamento gera ação e ação no regime militar rimava com subversão e prisão.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 06/05/2024
Reeditado em 06/05/2024
Código do texto: T8057709
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