Eu gosto de inventar receitas, curtir os momentos simples, imaginar que o bolo não vai solar desta vez. A minha cozinha é o coração da casa, com todos os meus utensílios preferidos temperados por memórias.  Cozinho muito mal mas isso não importa. Não importa mesmo! Cozinhar é um dom, eu sei. Mas é também um momento para ser degustado. Um momento de paz. Uma mistura de brincadeira de criança com tentativas de adulto. Minha cozinha não é imensa mas repleta de amor, de cantorias enquanto espero o forno esquentar, ou procuro ingredientes novos dentro do armário.  

Gosto de arrumar a mesa com toques vindos do mais profundo do meu coração, e, nessa alquimia toda, reproduzo coisas boas que vivi na minha infância. Venho de uma família grande, mesa farta, pão com manteiga, frango com macarrão, batata frita e refrigerante só no fim de semana. Sou da época em que brinquedo era coisa de Natal, aniversário e olhe lá! Bom dia, boa noite e por favor. 

A cozinha me ensina sobre o tempo, a temperatura, a mistura certa, a espera, e que o limão tempera bem muitas coisas! A cozinha ensina que até o ácido é bem-vindo e que não há tristeza que resista a uma panela de brigadeiro.

Eu tenho muito carinho pela minha cozinha, e até ciúmes! Acredita?  Se na vida há um embaraço eu corro para cozinha! Preparo um chá, um café, uma receita qualquer e, do nada, foi um ato terapêutico. 

Mais do que inventar receitas eu gosto da cozinha arrumada, louça lavada, tudo brilhando!  Janelas limpas, pois são os olhos da casa. 

Cozinha para mim é feito um cafuné, a página de um livro, uma cena de filme, um lugar para se reinventar.

Minha cozinha tem flor, temperos e muitas cores. Fala muito sobre mim. Temos uma relação de amor.