Massoterapia, mantras e alongamentos (*)
(*) Nem tudo são flores no Planeta Jardim - Crônicas de um futuro possível
APIABÁ (20.55.20S, 47.49.21W), 08/05/3.324
Uma polêmica na minha pacata Apiabá discute se a massoterapia deve ser ou não obrigatória nas escolas.
Haveria boas razões para que fosse, mas "de cara" digo que nada deve ser obrigatório pois, por mais que algo sirva para a elevação do espírito, a obrigatoriedade dissolve a maior parte dos benefícios. Até mesmo o Serviço Obrigatório, complemento do nosso tão elaborado sistema educacional, é obrigatório somente até certo ponto.
A massoterapia proporciona efeitos maravilhosos em qualquer idade, inclusive para os jovens que estudam e praticamente todo tipo de esporte e atividades físicas que podem estressar ou lesionar o corpo.
No entanto, qualquer estilo de massagem é um contato muito íntimo entre paciente e massoterapeuta. Para os jovens até 21 anos deve portanto ser assunto de família. Para tanto, a massoterapia é ensinada a todos os cidadãos ainda no segundo setênio, não para formar profissionais, mas para informar sobre algo tão importante à saúde quanto é importante a comunicação assertiva para a inteligência interpessoal.
Pais, irmãos e parentes próximos podem suprir as necessidades de relaxamento das crianças e adolescentes. As técnicas são ensinadas para qualquer pessoa e fazem parte do treinamento específico dado aos casais que vão ter filhos, juntamente com dezenas de outros cuidados indicados para educação dos bebês e crianças em idade pré-escolar. Além disso, quando preferirem ou julgarem necessário, os pais podem recorrer aos serviços de profissionais encontrados nas dezenas de clínicas existentes. Na idade adulta, cada um deve saber por si quando recorrer à massoterapia. Isso me parece tão óbvio que fico abismado, sem entender o sentido de polemizar a respeito.
Se a intenção é utilizar a massoterapia para melhorar o rendimento escolar, devo lembrar que para isso já utilizamos nas escolas as sessões de Tai Chi, Lian Gong e dezenas de outras práticas assemelhadas, no início de cada período de aulas, assim como a maioria das empresas usa-se esse recurso ao iniciar cada jornada de trabalho. Alunos e trabalhadores iniciam suas atividades diárias bastante relaxados e alongados, mais preparados para concentrar-se e para resistir no esforço que os aguarda.
Lembro também que, na maioria das escolas, para melhorar o rendimento dos alunos, antes de cada aula costuma-se recitar mantras, a critério do professor, que na sua formação profissional é treinado para criar mantras adequados para preceder cada tipo de ciência.
Os mantras são largamente utilizados nas funções religiosas da maioria dos nossos quase duzentos templos e nos mais variados clubes culturais de Apiabá. Às vezes fico enfastiado de tanto recitar mantras coletivos, mas sei que o esforço é necessário, se desejo realmente dedicar minha vida ao objetivo de iluminação espiritual.
Assim como na massoterapia e em tantos outros recursos para manter a boa saúde do corpo, os benefícios dos mantras e dos exercícios de alongamento e relaxamento são inegáveis.
Contudo, nada justifica a obrigatoriedade de qualquer prática. Exceto as leis públicas, qualquer restrição à liberdade individual representa um retrocesso na evolução da nossa forma de vida.