Esses obscuros objetos do tédio.

Atenção: O ministério da Educação e Literatura Banais e Outras Futilidades que possa desvirtuar a mente dos jovens brasileiros advertem: texto rigorosamente proibido para quem não quer ter conhecimento e que tenha preguiça em ler. No caso de persistência, por favor, procurem um consultório de psiquiatria porque o cara deve não estar bom da bola.

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Olhou para as probabilidades.

De um lado do monitor, dois recipientes, um de lata e outro de louça; o de lata para os elásticos, e o de louça, para os clipes. Ao lado os lacres para as caixas, do outro lado os papéis com os quais passa às oito horas de prisão brincando com eles.

Do outro lado do monitor, as pastas de cartolina fina azuis, a espera que a mão estique o braço e apanhe uma conforme delas for precisando; logo atrás, o velho e grande dicionário Aurélio; depois o branquinho, o grande ajudante das secretárias prestativas com seus belos trabalhos; em seguida, a grande tesoura que tudo corta até a alma ou, será água! Não sei,

dddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddd

Dddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddd, isso que vocês estão vendo, essa porção de “D”, é o sono que venceu o coitado e o dedo dele ficou pressionando a tecla. Bom onde ele estava mesmo? Ah! Lembrou, passando a tesoura há os machos e fêmeas também a espera de serem usados. Colada está outra caixa contendo lápis, esferográfica, marcadores de texto (como se ele usasse) extrator de grampo e, outros trecos; seguindo o caminho está o grampeador, que grampeia até a alma e, finalmente, o preto telefone que mudo ocupa apenas espaço, pois ninguém liga para ele, o que não o deixa chateado não. E por fim, a linha divisória que separa a baia dele com a baia da querida, linda, encantadora e simpática Helena –

“Talvez um dia / Por descuido ou fantasia / Helena, Helena, Helena / Nos meus braços debruçou / Foi por encanto, ou desencanto / Ou até mesmo por meu canto”, Taiguara, Helena, Helena, Helena.

Talvez o que está escrito aí em cima, reconhece, não seja literatura ou um bom texto, mas pergunta ele:

- Para que escrever um texto que ninguém lê? Por exemplo: quem leu Avalorava*, de Osman Lins? Nunca ouviu alguém dizer que o tenha lido. Um livro super bolado, onde há um roteiro para melhor tirar proveito dele, mas que você pode criar o teu próprio roteiro ou ler de fio a pavio; quem leu Zero, de Ignácio Loyola Brandão**? Romance esplendidamente criativo, um pouco massante, diga-se de passagem, onde há um visual, uma estrutura que deve se juntar ao texto como parte da história. E outro como Fogo Pálido, de Nabokov e, Laranja Mecânica, de Anthony Burgess.

Bem é isso, acho que o negócio é partir para textos anárquicos trasladando o mofo da erudição a nauseabundeando os narizes dos leitores, é isso? Pois é...

Pastorelli
Enviado por Pastorelli em 16/05/2024
Código do texto: T8064169
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