Civilização  e renúncia.

De fato, a felicidade somente pode ser usufruída de forma intermitente e episódica, o sofrimento é mais fácil de ser vivenciado e nos acossa a partir de três fontes: a fragilidade do corpo humano, o poder superior da natureza e o relacionamento entre os seres huumanos. E, cada uma dessas fontes porta algo que Lacan nomeou de Real, o impossível. As duas primeiras fontes são inevitáveis, não tem efeito paralisador e aponta uma direção apra nossa atividade. Já aterceira fonte de sofrimente não é aceita como parte da vida.  Na origem da civilização, Freud situa Eros e Anae: compulsão para o trabalho e o poder do amor. E, a civilização é descrita como sendo a soma integral das realizações e regulamentos que distinguem nossas vidas das de nossos antepassados animais e, que sservem aos dois intuitoss: o de proteger os humanos contra a natureza e o de ajustar seus relacionamentos mútuos. Cumpre suas funções de forma precária sendo incapaz de proteger satisfatoriamente o humano dos perigos e sofrimentos que a natureza e seu corpo lhe impingem, e tampouco é eficaz na tarefa de regular os relacionamentos mútuos. A proteção que a lei proporcciona tem seu custo, a liberdade do indivíduo. Esta não poderá ser um dom da civilização, pois cada um pode e deve abrir mão de parcela de sua liberdade em nome do bem comum. O desenvolvimento da civilização impõe restrições a esta, e a justiça exige que ninguém fuja dessas restrições. Todas as lutas da humanidade centralizaram-se na tarefa de encontrar acomodação entre as reivindicações culturais do grupo e as do sujeito. O destino da humanidade por meio da justiça deve existir diante do conflito. A hostilidade contra a civilização deve-se à exigência de renúncia à satisfação pulsional, privação que não se faz impunemente.
 

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 19/05/2024
Reeditado em 21/05/2024
Código do texto: T8066665
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