NINGUÉM É DE NINGUÉM

É dito popular e há quem pense assim, que o ciúme é uma prova de amor, e pensando desta forma propaga-se desordenadamente que quem ama sente ciume.

Partindo dessa premissa, o ser ciumento transforma a vida da pessoa amada num verdadeiro inferno. Passa a enxergar traição no menor gesto executado, um olhar displicente da pessoa amada passa a ser visto pelo ser ciumento como um flêrte.

Se a pessoa amada demora a chegar, o ser ciumento já se desespera imaginando que está sendo traído, daí vem a discussão, e a pessoa amada, somente terá paz fora de casa e longe do ser ciumento.

Certa tarde presenciei a seguinte cena; namorados numa mesa de bar ao lado da minha, trocavam beijos apaixonados sem se incomodarem com as pessoas nas mesas vizinhas. De repente um cãozinho branco, muito bonitinho correu para debaixo da mesa ao lado.

A moça que acompanhava o rapaz e com o qual a poucos instantes se beijava ardentemente, virou-se e ficou a olhar o cãozinho admirada.

Bruscamente o namorado puxou a moça pelo ombro, acusando-a de olhar para o rapaz da mesa ao lado, e desfiou um repertorio de palavrões contra a garota, que de olhos arregalados demonstrava não acreditar no que estava acontecendo.

Não satisfeito com a grosseria que exercitava, o rapaz ciumento jogou no rosto da namorada o que restava da cerveja no copo que bebia, indo embora em seguida e deixando a pobre coitada, sozinha na mesa.

Enfim um ser ciumento transtorma a sua vida amorosa em dolorosa tragédia, que termina quase sempre em amarga separação e inimizade eterna.

Se apurarmos as contas, com certeza perceberemos que sofremos mais com as pessoas que amamos do que com aquelas que nos odeiam.

O que chamamos de amor talvez seja apenas paixão, um sentimento passageiro, mas que também machuca.

Por vezes sentimos nos inferiores por não conseguirmos atingir os nossos ideais, quase sempre muitos vaidosos e assim escolhemos alguém com a incumbência de nos fazer sentir melhor, a qualquer custo, numa visível exploração dos sentimentos de quem nos ama..

Exigimos assim que a pessoa escolhida, a nossa amada, nos dê uma exaustiva atenção, a mesma que lhe é negada, e assim transformamos as nossas vidas num verdadeiro martírio.

É o egoismo, pecado próprio de quem é ciumento.

Afinal somos donos apenas de nós mesmos, nem nossos filhos nos pertencem, pois ninguém e de ninguém!

RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA
Enviado por RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA em 25/01/2008
Reeditado em 08/02/2008
Código do texto: T831834
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