Estranheza

Ô vida parada, vida constrangida essa que levo.

Eu rezo, e rezo, mas parece que de nada adianta essa minha mania espânica de tentar mudar o mundo.

E essas palavras estranhas que falo raramente, sei lá o porquê de isso acontecer, nada a ver. Os verbetes estão errados, mas os fardos que os mesmos carregam também nada combinam e vão passando sem passar com nada.

O nada com o nada vem, e o que vem com o nada, nada mais virá vindo com o nada vendo.

Palavras confusas que contornam diariamente nossa vida, vida urbana, vida suburbana, vida imatura, vida humana.

Ai, ai, que palavras mais difíceis essas que me rodeiam a mente, minha mente que mente mentindo, mentindo a mentira do mentir, a mentira do mentir que eu vou mentindo sem o saber que vou sabendo com a vontade de viver.

Por que vivermos essa vida que vamos vivendo sem viver o que realmente viveríamos se vivêssemos vivendo esplendorosamente a vida do viver humano com a companhia do viver urbano.

Urbanidade, acho que isso nem existe, mas não consultarei o dicionário, aquele que está no armário em minha frente, ruborizado pelos meus erros, erros normais, que deveriam ser arrumados, consertados, ou o que fosse.

O que deveria ser de nós, pessoas ingênuas, imaturas, criadas, criadoras, se nada criaríamos diariamente pra mudar a mentira da nossa mente, que ainda continua mentindo ardentemente dentro de nós, pessoas fulas, pessoas com rugas, pessoas que cuidam de suas fusas.

Que mentiras boas essas que contamos, inventamos, enfim, essas mentiras que nos vão devorando aos poucos, fazendo a verdade arder em nossos lábios, estando essa louca a sair de nossa boca fofoqueira, comentadeira, enfim desordenadeira.

Sorrateiramente vou mentindo e vou errando, vou errando e vou mentindo, e assim continuo sorrindo, sorrindo e vivendo, vivendo e sorrindo, repetindo e repetindo coisas sem nexos, sem anexos, sem pretextos e sem perplexos.

Lilith Góthica
Enviado por Lilith Góthica em 10/12/2005
Reeditado em 05/06/2007
Código do texto: T83406
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