Entendendo meu pai...

Hoje entendo meu pai, pois o meu filho já nasceu. Ainda me lembro de quando era pequeno, meu pai me pondo para dentro de casa, me tirando da chuva, acabando com o jogo de bola antes da hora.

Ainda me lembro quando cheguei com uma ferramenta afanada do quintal de um vizinho, e agora posso entender porque debaixo de tapas meu pai me fez chamar o dono e devolvê-la.

Hoje entendo porque com quinze anos ele me obrigava chegar antes da meia-noite e também porque não me deixava dirigir com dezesseis anos.

Estou começando a entender porque ele não dormia enquanto eu não chegava, ou porque ele me colocava no carro e me levava no médico para tomar aquelas injeções tão doídas, por causa de uma simples dor de garganta.

Entendo também os motivos dele em não ter me ajudado a comprar uma mobilete com dezessete anos, e em não me deixar sair de casa por um mês quando cheguei bêbado e não conseguia nem abrir a porta.

Entendo porque ele jogava meus cigarros fora, porque ele me fez trabalhar com quinze anos e porque não me deixou morar fora, longe do alcance de suas broncas e castigos.

Agora entendo porque meu pai brigava com a minha mãe quando ela ficava do meu lado, hoje entendo sua dureza, sua aspereza, sua austeridade, seus conselhos...

Agora entendo, porque na segunda série ele falou para a professora que ela podia me bater o quanto quisesse e se eu respondesse, que ela o avisasse para ele providenciar o "complemento".

Tive que começar a entender porque tudo o que ele falava, e eu teimava em fazer justamente o contrário, dava errado, e mesmo assim ele me socorria.

Antes eu tinha raiva, praguejava, me perguntava o motivo dele ser assim...Mas hoje eu entendo e até agradeço a Deus por ter um pai assim.