MAMÃE EU QUERO GANHAR!

O clima pré-carnavalesco pôs ainda mais animação na partida que definiu um dos classificados para as semi-finais do campeonato estadual. Charanga dos dois lados do Iberezão na tarde de Domingo do dia 27 de janeiro e uma só torcida colorindo de verde, vermelho e branco as arquibancadas do terreiro do Gavião do Trairi. Fogos de artifício, papel picado e rolos de confetes gigantes deram o tom e o ritmo da agitação que tomou conta dessa grande clássico do futebol potiguar.

A rivalidade cada vez mais crescente entre o Santa Cruz e o chamado Time Macho de Mossoró tem inspirado desconfianças e até boatos na imprensa potiguar, amedrontando, sem razão de ser, a torcida da terra dos rosados. Não sabem entretanto, tais comentaristas e boateiros, que apesar da paixão pelo time que defende a nossa terra, as qualidades de pacíficos e hospitaleiros compõem a marca maior de nossa gente. Se não fomos bem recebidos de outras feitas na terra de Rodolfo Fernandes, não temos vocação para revides.

A disputa deve ficar sempre reservada as quatro linhas do gramado e uma prova inconteste de nosso espírito cordial era facilmente verificada na arquibandada onde muitas crianças acompanhavam seus pais no amor infantil ao seu time do coração. O clima de festa também foi de apreensão, com um adversário forte e que dominou o primeiro tempo da partida, não marcando graças à intervenção extraordinária do nosso bom goleiro. No segundo tempo foi a vez do Santa cantar de galo, ou melhor, de gavião e mostrar a força de sua batucada com harmonia e afinação. De um lançamento da direita que encontrou o passista Elivelton, resultou o nosso primeiro gol, explodindo o grito de alegria da torcida e aumentando as esperanças de nossa classificação. Foi uma questão de tempo e uma expulsão justa de um jogador do Potiguar precipitou o deslinde de nossa festa. Com o placar adverso o desespero toma conta do Potiguar. O Santa Cruz é só ataque e num destes, um dos nossos jogadores sofre um contra-golpe do adversário. Não! Não foi uma jogada, um drible bonito, foi um golpe-baixo desferido pelo goleiro cinzento do Potiguar que atingiu em cheio o nosso jogador. O juiz, no seu papel e mandou o goleiro pro chuveiro mais cedo. O clima esquentou e numa atitude corajosa o árbitro mandou outro trombador para casa. Com superioridade númerica em campo, o que se viu foi um passeio do Santa em cima do Potiguar. Didi fez o segundo de cabeça e o terceiro veio logo em seguida numa pintura de gol que merece os óleos de uma tela de José dos Santos. Nem o mais otimista dos torcedores esperava uma partida assim, emocionante e emocionada, e ao fim de tudo, com a vaga conquistada, a imensa torcida do Santa Cruz saiu do estádio dançando frevo pelas ruas da cidade e cantando: Mamãe eu quero! Mamãe eu quero! Mamãe eu quero ganhar!

Marcos Cavalcanti

Marcos Cavalcanti
Enviado por Marcos Cavalcanti em 29/01/2008
Reeditado em 09/04/2008
Código do texto: T838257
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