DESABAFO

Será que o poeta consegue escrever num momento de explosão? Ou só a inspiração das musas lhe é aprazível e o faz cantar... Não sei. A bomba atômica não é inspiradora, é destruidora. Eu como “poeta” não consigo alcançar essa mirabolante magnitude de criar a partir da explosão.

Mas depois desse minúsculo parágrafo de desabafo, eu mudo até de idéia. O poeta num momento de fúria pode purgar-se através da sua arte. Descarregar toda carga negativa de ódio, raiva e rancor em um texto como esse. Como se pegasse todos os elementos causadores da cólera e triturasse no liquidificador, até que nem um farelo de pavor exista... que vire pó... que vire nada.

Ainda assim, não faço poesia, não com essa explosão. Mas faço um desabafo, nesse sentido é que a fúria infelizmente é a inspiração. Porém, do que me serve esse escape? Não é arte! É loucura de uma doida em desespero.

E que se dane tudo o que me dilacera, que essa droga vá para o quinto dos... de algum lugar bem longe daqui. Que eu me esqueça por algum momento de mim. E você pobre leitor, ah! Que caiu na infelicidade de ler essa blasfêmia, esqueça tudo o quanto leu. Entretanto, peço só uma coisa: escreva, pois é bom para acalmar os nervos.