Pai

Passei a noite de 24 de dezembro com muitas risadas junto à família de uma amiga de longa data. Chamamo-nos de primas emprestadas, devido a parentes comuns.

Após os comes e muitos bebes, partimos para os presentes, com a brincadeira do amigo secreto. Já havíamos trocado e-mails para sobre pedidos ao “amigão”. E vale o termo porque alguém pediu um castelo na Riviera Francesa, deixando de barato por uma casa ensolarada, com muitas janelas e portas. Era a minha “amiga” exercendo seus direitos!

O meu pedido era de que a amiga declamasse uma poesia, poderia ser a “Batatinha quando nasce...” ou “O amor é uma flor roxa...”. Pois nem esta ela conseguiu, de tão tímida e olha, é filha da maior exibida que meus olhos já pousaram e confessa que adora aparecer, o que faz em grande estilo, já tendo obtido um premio com suas poesias.

Divertido mesmo, foi o dono da casa que, entre outros pedidos, queria uma cueca samba-canção..., acompanhada de manual de instruções! Todos ficamos curiosos sobre tal necessidade, até ele explicar:

- Costumo ser vítima de meu filho, que usa minhas coisas sem pedir licença. Domingo destes, convidei-o para aparecer na casa de sua avó, em um município do Interior, onde eu estaria desde sábado. O programa seria um rali e minha esperança era de que fosse tão interessante como os que já participei.

Como ele demorava a aparecer, dirigi-me ao local da festa e vi um grupo de meninas, muitas bem apanhadas, olhando e comentando um rapaz e logo me dei conta que era com ele. Fiquei muito feliz, pois sabia que andava acabrunhado pelo fim de um namoro de longa data e o convite era para que se animasse um pouco.

Só que, alegria de paizão dura pouco mesmo! Na verdade as meninas estavam era rindo à socapa e levei um tempo para me dar conta do porquê. Resolvi observar apenas, pois a meu ver, ele é um guri bem apanhado, puxou ao pai, naturalmente, e nem de longe eu esperaria uma coisa destas! Examinando com mais atenção, percebi que ele havia se aproveitado da minha ausência em casa, para “atacar” meu guarda-roupa à procura, naturalmente, de uma roupa nova, de causar frisson, tendo encontrado uma peça que não é do seu tempo e, achando legal, a havia vestido, só que... de trás para frente!

Em vista do acontecido, resolvi pedir ao amigo secreto uma cueca nova, mas por favor, com manual de instruções, algo assim, digamos “este lado para trás”.

O autor da façanha, até então só sorria amarelo, até se animar, improvisando uma explicação para o seu “feito”:

-Quem não nasceu Brad Pitt, tem mesmo é que ser criativo!

Com muitas risadas e pouca oração, despedimo-nos depois de aguardar um táxi por mais de duas horas. As visitas apelando para o alegre dono da casa que abandonasse sua poltrona favorita, na tarefa nos levar para casa, pois parte da turma já havia passado dos trinta há muito tempo e a noite não era mais tão jovem também!

Marluiza
Enviado por Marluiza em 03/02/2008
Reeditado em 16/02/2008
Código do texto: T844407