O fim da paixão é o amor

E o namoro chegou ao fim, Viviane só tem forças para chorar. Chega a beirar o desespero quando pressente o carro de Caco passando pela rua. É como se quisesse se jogar à frente dele só para saber se o banco do carona é tripulado por outra. Caco sabe que errou e não tem coragem de encarar Vivi de novo, tem certeza que não merece mais o carinho dela após a bobagem que fez. E não pára de se culpar por isso.

Cada um do seu jeito permanece pensando no outro, mas nenhum sabe que atitude tomar, passam o tempo conversando com amigos e invariavelmente os assuntos são os mesmos. Lembrar dos bons momentos do passado é o que conforta, mas também o que mais machuca.

Viviane pensa em ligar, afinal é tão fácil tentar conversar de novo, mas ela não compreende porque Caco não mais a procurou, ela quer odiá-lo pelo que fez, mas o amor que sente a impede disto. Pega o celular e começa a ler as mensagens que trocaram há mais de um ano, quando estavam se conhecendo. Com um misto de raiva e carinho, ela pensa em apagar tudo, não quer velhas lembranças, mas assim como não consegue tirar Caco do seu pensamento, tampouco irá apagar as memórias do que viveram.

Caco, bem ao seu estilo, sai de casa apressado, cheio de vontade para o futebol. Apesar de estar triste e saber que a culpa deste sentimento é sua, está feliz por ter uma liberdade maior e poder sair para o futebol sem ter que discutir para isso. Pensa também no início da relação, quando tudo era acordado com sorrisos, o tempo se encarregou de dificultar algumas coisas triviais. Durante o jogo, parece desnorteado. Logo ele que costumava driblar com facilidade tudo na vida, agora percebe que perdeu a sua melhor jogada. No entanto, sente orgulho para não procurar Vivi e tem medo que ela faça algo inesperado como já deveria ter feito.

O que mais intriga Caco foi a reação de sua namorada, ela apenas chorou e virou as costas quando ele contou sua traição. Na verdade ele queria ser xingado, queria que ela dissesse que ele não prestava, que o humilhasse por ter estragado a paixão que existia entre eles.

Dois dias depois, Caco arranja uma desculpa para ir até a casa de Vivi, ligou antes e falou friamente que desejava pegar umas coisas suas que havia deixado. A ligação fez a menina estremecer, imaginando que ele pudesse querer pedir desculpas, e ela começou a pensar no que responderia. Sim, era o que queria dizer, mas seu coração machucado não entendia porque ele havia sido tão rápido na ligação. Vivi chegou a pensar que Caco já tinha outra. “Não quero nem ver a cara dele”, pensava.

Perto do anoitecer, Caco parou em frente à casa de sua amada, que já o esperava nervosa. “Nós precisamos conversar”, era o que Caco queria dizer antes de pronunciar um oi quase imperceptível. Vivi, sem querer, foi amarga e mostrou que já havia separado tudo que o rapaz havia ido buscar. Depois de carregar tudo para o carro, ele olha para a porta, mas Vivi não o acompanhou até a rua, apesar de ter deixado a porta aberta. Ele tenta voltar, estava a ponto de chorar quando ela irrompe o encarando fixamente. Conversaram por horas, discutiram, tentaram entender o que estavam vivendo, um sentimento que sufocava ambos e não os permitia raciocinar com facilidade.

Perceberam, quando se beijaram, que sua paixão havia se tornado, de uma forma estranha e louca, um amor completo e verdadeiro.