O Moço

Há muito tempo, numa pequena cidade do Sul da França, havia um rapaz, de seus 25 anos, chamado Pierre, que vivia com sua mãe, uma senhora bem velha chamada Geneviève, muito doente. O seu filho Pierre era só o que lhe restava na vida. O rapaz sofrera, há alguns anos, um acidente no local onde trabalhava e fora afastado do serviço por incapacidade física, e ganhava muito pouco. Para poder cuidar da sua mãe ele foi trabalhar numa casa de jogos noturnos, onde fazia lanches e cafés.

Quando ia para o trabalho passava em frente a um convento. Ele via três freiras à janela, e depois de um respeitoso cumprimento ele seguia o seu caminho. As freiras que não sabiam dos pormenores ficavam julgando o nosso Pierre: “Lavai o perdido. Deixa a mãe em casa sofrendo e vai para a pouca vergonha”. De manhã era a mesma coisa: “Lá vem o descarado desumano”. E isto era todo dia.

Depois de muito tempo todos estavam desencarnados e aguardavam em um local muito calmo e belo, à espera do mentor espiritual, que ao chegar logo chamou: “Irmão Pierre”, e indicou-lhe a dimensão em que iria ficar.

Foi ai que as três freiras foram até o mentor e disseram: “Nós nunca pecamos, nunca fizemos mal a ninguém”. “E aqui isso não foi levado em conta”.

Ai, o nosso irmão espiritual lhes disse: “Sei tudo o que vocês fizeram, como também sei que vocês nada fizeram de bom aos seus semelhantes e, pior ainda, julgavam este moço como o pior dos homens da terra”.

O mentor prosseguiu: “O irmão Pierre, sempre que retornava de seu trabalho encontrava tempo para ajudar os necessitados de um asilo, próximo onde vocês todos moravam, levando alguns pães, mesmo com o parco dinheiro que recebia, e ajudando a dar banho nos homens mais doentes dali”. “Portanto, o irmão Pierre esta num plano muito superior ao de vocês. Deixem o julgamento para Deus”.

Laércio Rossi

27-12-2007

Laércio
Enviado por Laércio em 04/02/2008
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