Guarani

Escrever ou falar do Guarani F. C. é tarefa fácil e agradável, porque vamos encontrar no passado, grandes feitos e em seu presente, conquistas que passaram das fronteiras da cidade, do estado e do país.

Poderíamos falar do Guarani antigo, o notável feito, marco da fibra e valor do bugre campineiro, a vitória contra o Santos por 6 a 5, depois de estar perdendo por 5 a 1 no primeiro tempo. Vale dizer o tamanho da proeza; a linha do Santos, que era o famoso ataque dos 100 gols, e na defesa tinha Athie Jorge Cury, goleiro da Seleção paulista. O ataque praiano era formado por Siriri, Camarão, Feitiço, Araquém e Evangelista. Todos integrantes da Seleção, mas os heróis do Guarani F.C. não tremeram diante de tanta fama naquele dia. O time bugrino alinhou com a seguinte equipe: Camisola, Joca e Tijolo; Joaquim Martins, Barbanera e Clarinete; Roberto, Caco, De Laurentis, Nenê e Robertinho. Este heróico feito ocorreu em 1929.

Outras conquistas vieram. Várias vezes campeão da cidade, o Guarani sempre convidava os melhores times do Brasil para jogar e não afinava para ninguém. Certa vez veio a Campinas o Fluminense F.C., base da Seleção Brasileira em 1943, cujo time era formado por: Batatais, Norival e Renganeschi; Bioró, Espinelli e Afonsinho; Pedro Amorim, Russo, Rongo, Tim e Carreiro, e não ganharam do bugre, que na época era meio amador. O profissionalismo não havia chegado no interior de São Paulo. O Guarani formou com Cesarino, Nenê e Tiziani; Fricoti, Silva e Pavuna; Alemão, Bibiano, Zuza, Piolim e Machadinho. 2 a 2 foi o resultado deste jogo.

Em 1944, depois de travar duelos terríveis com os times do interior, tais como São João, de Jundiaí, Sanjoanense, de S.J. da Boa Vista, Francana, Velo de Rio Claro, Rio Branco de Americana, Rio Pardo e Riopardense, Batatais, São Bento de Marília, XV de Piracicaba, Linense e Ginásio Pinhalense, todos os times comandados por prefeitos, banqueiros e coronéis da época, que formavam grandes times, indo buscar jogadores no Rio de Janeiro e em São Paulo a peso de ouro. Mas o Guarani F.C., mais uma vez, mostrou toda a sua valentia e foi campeão do Estado com Renê, Nenê e Tiziani; Risada, Silva e Pavuna; Renatinho, Piolim, Zuza, Caio e Machadinho. Nova conquista, já no profissional, foi campeão em 1949 na 2a divisão, subindo para a 1a divisão em 1950.

A equipe de 1949 foi a seguinte: Arlindo, Orestes e Grita; Gôde, Luiz de Almeida e Alcides; Dorival, Chiquinho, China, Piolim e Zico. Depois, em 1950 com alguns reforços jogou com Arlindo, Orestes e Grita; Gôde, Santo Antonio e Aedo; Bota, Chiquinho, China, Piolim e Ismar, fazendo boa figura no campeonato.

Em um passado mais recente, encheu de orgulho a todos os esportistas de Campinas, sendo Campeão Brasileiro de 1978 e, em seguida, Campeão da Taça de Prata de 1981.

No campo social, o arrojo sempre esteve presente. Do velho, aconchegante e cheio de glórias “Pastinho”, o Guarani passou para esta grande obra que é o Brinco de Ouro da Princesa.

Certa vez um antigo diretor do Guarani me disse: rivalidade não é ficar falando mal da A. A. Ponte Preta, nas rodinhas e nas esquinas. Rivalidade é ver o que eles fizeram de bom e procurar fazer melhor para o nosso clube.

Para não cometer injustiças, pois pelo Guarani passou uma constelação de grandes jogadores, devo salientar apenas um: Zuza. Para mim está entre os 10 melhores jogadores de todos os tempos no Brasil. Para avalizar o que eu penso, em uma entrevista na época em que eles estavam em atividade, foi perguntado a Leônidas da Silva, o Diamante Negro, se ele era o melhor centroavante do Brasil; Leônidas respondeu: O melhor centroavante do Brasil está em Campinas e se chama Zuza, pois quem teve o privilégio de o ver jogar jamais vai esquecê-lo.

Laércio
Enviado por Laércio em 04/02/2008
Reeditado em 09/02/2008
Código do texto: T845485