Somos um país jovem, e como tal ainda nem chegamos a adolescência como nação, se assim o fosse, pelo menos seríamos mais contestadores, mais inconformados, como qualquer jovem de 17 anos. Necessitamos urgentemente de novos caras-pintadas.  O povo brasileiro é uma criança que só vê o próprio umbigo e não tem a mínima idéia do porquê existem leis, normas e outras regulações, que fazem de nós um pouco diferentes de outros animais. Estamos ainda na fase oral, de pedir, de exigir, sem nada dar em troca.

        Somos crianças mimadas que para se defender, buscamos nos outros um porta-voz, um irmão mais velho que nos defenderá dos opressores. Reclamamos dos que nos prejudicam, porém nunca dizemos isso aos nossos verdugos. Nos achamos tão pequenos que não nos atrevemos a encarar uma discussão de frente.....sempre falamos mal do vizinho para o outro vizinho.

          Povos mais velhos e sábios tratam de muitos assuntos, principalmente os sérios, de forma incisiva, clara, sem rodeios, sem meias palavras. Quando você liga para uma pessoa na Espanha, ela logo diz: "Diga-me". Não se perde tempo nem palavras, tudo é objetivo.

           Nos Estados Unidos, quem não produz, quem não contribui com a sociedade é mal visto, algo como um peso morto que tem que ser carregado. Excetuando obviamente os que não podem ou já contribuiram demais com a sociedade. Lá a maior ofensa é chamar alguém de "looser", que significa perdedor. Isso mesmo,  lá não se passa a mão na cabeça de quem não quer trabalhar, de quem por OPÇÃO é uma parasita da sociedade. No Brasil, chamamos a este cidadão de coitadinho.....ou a tradução disto que é: fudidinho!!!!! E para manter essa parcela do povo no mesmo lugar, ou seja na infância, o governo oferece o bolsa-família. É como se você alimentasse  seu filho com  um medicamento ou droga para mantê-lo sempre nessa fase de medo e obediência, sem crescimento do corpo e da mente.

         Somos extremamente tolerantes, talvez os mais tolerantes de todo o planeta, e é aí que reside  nosso dilema: para crescer, para chegarmos  pelo menos na adolescência, temos que largar essa fase de mamadeira, de choradeira, de super proteção. Os políticos sabem disso e usam como forma de nos roubar, de nos humilharem como cidadãos. Você fêz algo com relação aos inúmeros escândalos dos últimos anos? Calma, 99,7% da população é como você: uma criança à espera de um irmão mais velho para protegê-lo, defendê-lo. Só que isso não existe, é uma ilusão sem fim.

         Quem produz mais, quem contribui mais, tem todo o direito de exigir mais, em todos os sentidos. Se você vive em um bairro de pessoas mais bem sucedidas, mais cultas, mais EDUCADAS, é mais que honesto e justo que você tenha melhores condições de vida, de segurança, de coisas bonitas. Isso acontece em todos os países do planeta Terra. Quem paga mais imposto tem direito a mais benefícios. Ou você acha que não?

       Porque uma criança escolhe sempre o brinquedo mais caro dentro de uma loja? Simples. Porque ela já sabe o que é bom. A visão e todos os outros sentidos sabem o que é melhor. Intuitivamente todo ser humano sabe distinguir entre o bom e o mau. O que é bom atrai, o que é ruim afasta.

         Por isso a pobreza é feia, e sempre será. Não há nada de digno na pobreza. Desorganização, relaxo, desleixo deveriam ser tratados como uma peste, uma doença e não como algo belo, com uma certo charme.  Onde está a beleza em uma criança brincar num esgoto ou viver cheia de feridas pelas inúmeras doenças contraídas num ambiente pobre, desleixado e mal cheiroso?

         Outros povos passaram por isso e hoje são maduros, consistentes. Houve o rompimento do povo com a situação indigna em que viviam. Eles passaram da fase infantil para uma mais responsável. Para crescer como cidadãos temos que deixar  para trás esse lado pueril, sem responsabilidades. Crescer exige mudanças e mudar dói.

        Nossa independência se deu sem um tiro se quer, nosso regime republicano nasceu de uma quartelada e o fim da escravidão com uma simples assinatura num folha de papel. Não sabemos impor nossa vontade nem mesmo quando o mundo inteiro  grita ao brandos o que devemos fazer. Na França, há exatos  229 anos atrás, o povo se cansou e cortou as cabeças dos que sugavam  as riquezas da nação, dos que alimentavam a pobreza e ofereciam brioches aos famintos.  Será que teremos que chegar a esse ponto: cortar cabeças? Nosso presidente disse que ia cortar na própria carne. Ele só esqueceu de dizer que se tratava da picanha preparada pelo seu churrasqueiro particular e não dos que o trairam, segundo palavras dele.

         Por essa razão acredito, que poderíamos ir às ruas e jogar nossas fraldas e mamadeiras no lixo e evoluir para um novo tempo: o da rebeldia, da contestação e quem sabe assim poderemos galgar níveis mais altos, tal como a maturidade, a auto-confiança e o respeito por si próprio. Precisamos caminhar em direção a adolescência, que mesmo com todo o lado negativo dessa fase da vida, nos empurra para a fase adulta, a fase dos três P's: Produtiva,  Participativa e Próspera.
       
        Existem outros três P's que nada contribuem para o progresso: 
pobreza, permissividade e procrastinação.
 
        Há maior falta de amor próprio que admitir e aceitar a condição do menos, da pobreza, da falta? Acredito que não!!!
       
         Por isso o pobre é feio  e o  rico bonito . Simples e objetivo. Claro e verdadeiro. Sem grandes elocubrações. Sem grandes questões filosóficas.

        Eu prefiro Dolce & Gabbana, nem pensar em Seiva de Alfazema. E você?