BICHINHO VIRTUAL

Conheci a Mariza quando entrei na minha fase aborrecente de ser, tinha eu lá pelos 13 anos, eu sempre fui "muito na minha", nunca teve concorrência pra mim, fui a caçula de 6 homens, era "a filha esperada", minha mãe diz que fui a culpada de tantos filhos, e que eu só vim depois que ela fez uma promessa...e não é que vim...menina e no dia do santo. (Uiiii eu sou um verdadeiro milagre...aleluia). E por tudo isso era a queridinha da casa, que tinha todos os mimos...lá lá lá...até que um dia (a vaca ficou anorexa...)

Tive que morar com minha avó (não gostei não...), lá eu tive que aprender que nada mais me pertencia, me lembrei dos genos da Grécia antiga, em que os parentes mais próximos do Pater eram os mais previlegiados, eu que nunca fui muito "em casa de avó", apenas ia nas datas festivas e olhe lá, cair assim de pára-quedas lá, como uma estranha...foi muito estranho pra mim.

Casa com muita gente, e 2 primas mais ou menos da minha idade que moravam lá desde pequena que foram minha salvação. Minha avó morava em uma vila e tinham vários aborrecentes, era engraçado a divisão das turmas, e a mariza fazia parte da turma das minhas primas.

Essa época, é aquela das descobertas e das tantas horas conversando sobre o assunto do momento: O FICAR! Eu sempre fui muito "menina", e chegar de repente em uma turma de meninas da minha idade, foi complicado, eu simplesmente não tinha assunto pra conversar, eu nunca havia ficado, beijado, e por isso era tida como a mais boba, adjetivo esse que eu odiava.

E uma personagem de toda essa história que muito me marcou, como sendo a pedra no meu sapato...era a mais velha da turma, a dita Mariza. Lembram daqueles "bichinhos virtuais" chamado tamaguxis, é gente...ela me chamava disso, o quanto ela podia brincar com a minha cara...ela fazia da frente de todo mundo, dizia que eu era o mascote da turma....(aiiii que raiva), até perdi a conta de quantas vezes eu chorei de raiva por isso.

Os anos passaram e voltei a morar com meu pai...e depois de alguns anos, voltei a morar próximo a minha avó...só que agora sozinha, independente, estudando, trabalhando. E aquela menina boba, que a Mariza chamava de "bichinho virtual" tornou-se a sua única companheira...porque as outras, haviam casado...se mudado...tido filhos...e por vários outros motivos se afastado.

Então, saimos juntas, conversamos muito sobre aquela época em que nos odiavamos...depois disso ralamos juntas para pagar faculdade, fomos pra balada, choramos por problemas, contamos segredos, descobertas, sonhos e o que achamos mais importante..crescemos muito...uma com a outra.

E hoje, olhando para as minhas fotos, vejo que a pessoa que mais odiava quando menina, tornou-se minha melhor amiga...minha madrinha de casamento. Pra vocês verem...como o melhor conselheiro..é o tempo, e como ele nos faz entender as coisas e as pessoas.

Ps: Esse meu 100º texto vai em homenagem a essa amizade, que provou por muitas vezes ser sincera e duradoura.