Não há um minuto a perder!

Sabe aqueles dias em que você tem tudo para fazer e o tempo parece não ser suficiente? Poi´s é. Ultimamente, penso eu, os dias encolheram, um pouquinho de cada vez, como em um complô para que não consigamos dar conta das tarefas que nos dispusemos a cumprir. Relaxar em frente à TV, ler um bom livro, visitar os amigos, sair para jantar ou ir ao cinema, conversar descompromissadamente com alguém parecem coisas proibidas - afinal, o tempo (que é dinheiro, já diz o ditado) deve ser utilizado em coisas mais úteis. Dormir e comer, bem, isso ainda passa, mas seis horas díárias para o primeiro e não mais do que uma hora (incluindo café, lanches, almoço e janta) para o segundo. Não há um minuto a perder!

Não sei se isso acontece apenas comigo, mas acho que não. Olho ao redor, de vez em quando, e vejo que não há muitos fazendo o mesmo. Para quê? Tem é de olhar para frente, para o trabalho a fazer, para a reunião a participar, para o compromisso agendado e milimetricamente cronometrado; se atrasar um item, os outros todos ficam comprometidos. Olha o fechamento do jornal aí, gente! Olha o produto que tem de ser entregue na hora, se não o cliente vai reclamar! Olha a hora, olha o prazo, olha tudo o que ainda precisa ser feito e o pouco tempo que falta para o dia terminar...

Nessa correria diária, acabo (como muitos leitores, se é que eles têm tempo de ler uma crônica) deixando de lado tantas coisas que sempre prometo fazer na semana que vem: ir ao médico, renovar a carteirinha da biblioteca vencida há séculos (para que, você vai ler quando?, me pergunto), visitar um amigo querido, voltar a fazer ginástica, estudar inglês e alemão, exercitar a redação não-jornalística, tocar aquele romance que ficou pela metade, deixar pronta a próxima crônica, até mesmo ir ao mercado e organizar a casa.

Já desisti de fazer listas e organizar horários - eu não os cumpro, sempre entra algo mais urgente na agenda. E, se algo não for para hoje, no máximo para amanhã, acabo passando ao largo. Afinal, por que Deus não fez o dia com umas 30 horas, pelo menos? Assim, o tempo que "perdemos" no sono poderia ser recuperado em algo mais produtivo - ou, talvez, em alguma atividade de lazer, se ainda soubéssemos o que é isso.

Mas sou persistente, e, mais uma vez, vou tentar: vou fazer tudo o que tenho de fazer, nas 24 horas do dia, e ainda vai sobrar um tempinho para descansar... na semana que vem.

Maristela Scheuer Deves
Enviado por Maristela Scheuer Deves em 03/03/2008
Código do texto: T885411
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