ELVIS

Começar parece quase que impossível. Você olha, olha, vira, vira, mexe, mexe e NADA. Enfim, digamos que um dia, depois de vários dias, tudo volta ao normal. Será normal? O que fazer com a normalidade questionada... Tudo o que fez parecia tão automaticamente normal que não era. Papo de doido esse. Vamos lá ao que interessa, a história. Era uma vez....Não, não, essa é muito velha. Por que não dizer....Numa noite escura, com uma chuva fina e um vento gélido cortante apareceu em minha casa aquele ser indescritível.... O que é isso??? Uma história de horror ou uma simples e ridícula história para boi dormir. Ai, começar de novo, agora para valer, sem pestanejar. Hoje, um dia como outro qualquer, numa rua pequena e sem movimento, vive um alcoólatra idolatrado por todos os vizinhos. Sim, ele é nada menos do que Elvis Presley....Todas as noites no boteco da esquina, chegava com sua roupa branca com lantejoulas e calça de boca de sino. Sempre com aquelas imensas costeletas e o seu topete nos trinques. Elvis subia no seu palco imaginário e em sua fantasia musical alçava o vôo com a sua predileta “Kiss me quick” logo partia para “Sylvia” e finalmente cantava para os apaixonados da noite “Love me tender”. O Elvis realmente fazia muito sucesso na vizinhança. Apesar de não ter boteco, palco, som para acompanhar ele vivia como o Rei Elvis. Entre uma pinga e outra lá ia com o seu repertório. Na maioria das vezes dançava com um microfone invisível e secava o suor na toalha invisível que jogava para a platéia invisível... Que vida boa, hein? Naquela cabeça de melão tudo era perfeito. Nada saía errado. Elvis, Y love you, ele respondia, oh baby, Y love you também. Todos ficavam encantados com as apresentações. Já quiseram alguns radicais colocar Elvis num sanatório. Mas com a maioria de votos a favor da permanência do Elvis, esses radicais incompreendidos ficaram sem voz ativa. Elvis continuava o seu ritual diário, pinga, apresentação, dava até autógrafos, lógico, imaginários...Mas tudo era tão real, tão perfeito... Elvis vivia bem, se não fosse a pinga, a maldita. Será que tinha família, ninguém sabe, ninguém viu... Alguns fanáticos religiosos tentaram afastá-lo da maldita... Tentaram tanto, tanto, que um dia... Conseguiram... Então surgiu o novo Elvis, agora como pastor Evilácio, se transformou completamente. A sua fisionomia que era tão viva e autêntica agora passou a ser rabugenta, fechada, irritada, fanática. Seu público que antigamente era tão fiel, agora corria dele sempre que chegava perto. Não tinha mais aquele entusiasmo característico, só falava Deus vai te punir, Deus não perdoa, insuportável e totalmente louco. Esse sim deveria ser trancafiado num sanatório para loucos muito perigosos. Essa é uma pequena e faceira historinha contada por euzinha.

Renata Cartaxo
Enviado por Renata Cartaxo em 20/12/2005
Reeditado em 20/12/2005
Código do texto: T88612