Alcoolismo

Eu tropeço e caio, observo as bocas de bueiro, são como minha vida, um tremendo desespero. Estou aqui, e não por muito tempo, vou lhe pedir, por favor, me de um momento! Os dias que passaram se configuram como os dias futuros, e a garrafa de uísque vazia significam que minha alma está a imitando! Eu corro pelos dias, pelo tempo e pela as novas medidas, mas já me deixaste de novo com uma aberta ferida. Sou um vadio, mentiroso e cruel, tudo que eu faço é deixar marcas de sangue em papel (poesias). Eu posso lhe dizer algo nada fiel, sou um homem atormentado por um pedaço de papel. Sou uma rima, que teima em não ser feita, sou uma poesia não e das melhores não é eleita.

A tua beleza, refletida de dentro da tua roupa, chegaste ao local onde trabalho murmurando palavras com tua boca. Me observa como um qualquer na terra dos cegos, mas minha querida note os meus olhos, sim sou rei! Sou rei da terra dos cegos, mas também nada enxergo com estes meus atrofiados olhos (e egos). Não me disse nem uma palavra, não me disse nada sobre ninguém, não me disse o que passaria na sua televisão hoje as dez horas, não me disse por que motivo todo sábado por que tu demoras!

Novamente bêbado, com minhas magoas na garrafa, tento falar, chorar, me machucar na sua palavra. Sou eu quem sabe de tudo que fiz, mas meu alter-ego ri enquanto eu dou de cara na calçada. Sigo em frente, cambaleante, como um bêbado que sou, sou eu quem digo as palavras que saem da minha fétida boca. Os bares noturnos são convites aos pecados, não há igrejas abertas a esta hora da manhã. Como um soneto, um poema, sobre o alcoolismo, Rimbaud anda ao meu lado como um espírito maligno. Com a chuva não me sinto, sinto frio e desespero, a meu Deus o “banheiro é a igreja de todos os bêbados”

Seu sorriso era mágico (nem tanto assim) seus olhos eram brilhantes (nem tanto assim) sua voz rouca mas doce era como uma bela sinfonia, sua crueldade em esmagar corações explicava o por que da sua beleza.

- Olá, sabia que você é linda! –disse eu.

- Obrigada, agora eu sei mais ainda – sorri o coração teu

- Sabe, acho que tu me pegaste pela primeira vista

- Creio que sei, mas não sou garota para conquista.

- Conquista é para navegadores, eu sou um dos amadores

- Pelo romance ou falta de experiência?

- Agora pode lhe pedir um dos favores?

- Pode dizer, mas não precisa de tanta clemência!

- Beije-me, mostre-me o amor.

- Nos conhecemos apenas a alguns minutos!

- Ah, o tempo está ao nosso favor!

- Você é poeta ou algo do tipo?

- Sou alguém que estou apaixonado

- Ótimo, então com você eu fico!

Seu beijo era doce, como o licor que tomei ontem, e seus lábios molhados tocaram minha subconsciência perdida. Eu deitado ali, na cama de minha casa, e ela ao meu lado cantando as canções das noites caladas. Ela era morena, de olhos preciosos e cabelos bem negros, eu era um homem perdido nos desesperos. Sua vida ela me contou e pareceu mais uma tragédia grega, minha vida e a mesma vida ou seja uma outra qualquer besteira. Os dias são doces, com amores ou com outra comédia qualquer, e todo dia ela vinha e a noite era sempre a mesma mulher. Seu sabor, seu temor, seus medos e anseios, eu era um garoto perdido nos teus seios.

Mas sou cafajeste, e trai a minha primeira mulher, alcoolismo ela chama, e me chama quando quiser, eu bebi, eu bebi e coisas terríveis eu fiz! Agora estou perdido novamente em tudo que tinha conseguido. Meus ataques, meus lamentos trouxeram o espírito do poeta problemático, e eu agora enfático trouxe ao caos a vida da bela morena, dias era dias e as noites não viriam mais, a bebida a fez ir embora mais e mais.

Caído entre o asfalto e o meio fio, se afogando na água de esgoto saída das privadas do Brasil, dos restos burgueses dos restaurantes de luxo, bêbado, sujo, procurando a morte mais rápida. Não estou sozinho minha verdadeira amada anda ao meu lado, como uma doze de veneno daqueles bem malvados, se chama álcool o significado de minha crueldade, uma vez neste mundo uma volta é pura maldade.

Rezando “na igreja de todos os bêbados... O banheiro”