É nosso dia, mulheres!

Uma rosa, um chocolate, um parabéns... é dessa forma que milhões de mulheres pelo Brasil e pelo mundo serão saudadas neste sábado, 8 de março, pelo Dia Internacional da Mulher. Algumas receberão ainda prêmios especialmente entregues nesse dia, por se destacarem de alguma forma, outras ilustrarão reportagens de TV e jornal sobre o que é ser mulher hoje. Mas, afinal, há uma resposta para essa pergunta?

Não há dúvida de que ao longo das últimas décadas a mulher vem conquistando mais e mais o seu espaço, seja no trabalho, na vida pública ou como chefe de família. Mulheres ocupando altos cargos executivos continuam não sendo a regra, mas felizmente já deixaram de ser exceção. Mesmo assim, ainda há muito que superar, muitos obstáculos a vencer, muitos preconceitos a serem eliminados – muitas vezes, preconceitos que nós mesmas, mulheres, temos contra nós.

No Rio Grande do Sul, onde vivo, a governadora é mulher, pela primeira vez na história do Estado. As prefeitas ainda são minoria, mas existem, bem como as vereadoras. Em nível nacional, a participação também ainda é tímida: além da gaúcha, temos só outras duas governadoras no país todo, somente 10 dos 81 senadores são mulheres e apenas 46 dos 513 deputados federais.

Será que não temos boas mulheres, capazes, em todos os estados e partidos? Ou será que as mulheres não votam nelas mesmas? Li hoje uma enquete de jornal com 20 mulheres. Destas, apenas três disseram que disputariam um cargo público. A desculpa principal foi que, no momento, há muita corrupção nesse meio. Mas será que não estaria faltando uma mulher de pulso forte para mudar essa situação?

No cenário mundial, felizmente, a participação feminina cresce em ritmo vertiginoso: temos a chanceler da Alemanha, Angela Merkel; a presidente do Chile, Michele Bachelet; e, na maior potência mundial, os Estados Unidos, outra mulher, Hillary Clinton, é forte candidata a disputar a presidência. Mesmo assim, ainda há os que insistem em dizer que lugar de mulher é no fogão e não na política ou no comando de uma empresa.

Muitos homens se dizem liberais mas, no fundo, continuam tão machistas quanto seus antepassados. Mulher ganhando mais do que ele? Onde já se viu? Mulher de chefe? Nem pensar! Ah, e é interessante que as mulheres sejam hoje mais liberadas sexualmente, muito bom, mas, claro, essas não são para casar... O que iriam pensar de mim? Outra coisa que me deixa profundamente irritada é a constatação de que permanece em muitas pessoas – homens e mulheres – a crença de que a mulher é, ou deveria ser, sustentada pelo homem. Recentemente até vi um comercial quem fazia uma alusão a isso: a mulher cheia de sacolas e o homem pagando, como se ela não fosse capaz de trabalhar e pagar suas contas.

E entre as piadas machistas, a preferida é aquela de que “tinha de ser mulher para dirigir assim”. Alô, meninos, vocês já viram as estatísticas que mostram que a maioria dos acidentes de trânsito são causados por homens? Inclusive, por esse motivo, o valor do seguro do automóvel é mais barato se a dona for mulher... Mas as mulheres também se discriminam, e muito. Já ouvi conhecidas dizerem que não vão em médicas mulheres porque os homens são melhores do que elas nesse ramo. Será?

Não sou feminista de carteirinha, nem contrataria os serviços de uma mulher ou votaria nela apenas por ser mulher. Mas acredito que, em pleno Século 21, está na hora nós – e eles – reconhecermos que não há “sexo forte”. Há homens e mulheres. Diferentes, claro, mas com a mesma capacidade – que pode estar sendo usada, ou não, por qualquer um deles.

Maristela Scheuer Deves
Enviado por Maristela Scheuer Deves em 08/03/2008
Código do texto: T892649
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