Valei-me São José!

Campina Grande já foi uma cidade de temperaturas frias, mas devido à loucura de nosso tempo, o calor está molestando os campinenses, como se aqui fosse um sertão. E o sertão está chovendo como nunca.

Eis a mudança que o homem faz no tempo!

Porém por incrível que pareça, tivemos uma reviravolta. Um dia de muita chuva. Com direito a trovões e relâmpagos. Fazia tempo que eu tinha visto algo assim. E bem perto do dia de São José...

Me lembro que a última vez quando eu vi isso, foi quando eu era uma pequena criança numa cidade do cariri chamada Serra Branca, na casa de meus avós.

Fazia muito tempo que lá também não tinha chovido, e quando começou a chuva foi uma correria só! Arrumação de tambores na porta de casa para ajuntar a água, cobrindo os espelhos, desligando os aparelhos eletrônicos.

Eu juntamente com minha irmã nos encolhemos no sofá e ficamos cobertos em lençois. Os barulhos dos trovões eram enormes, algo digno de filme americano. Os raios e relâmpagos vistos das frestas do telhado cintilavam o céu azul escuro.

Mas na minha inocência, comecei a ter medo. Medo que a casa caísse, que um raio caísse, que morrêssemos afogados...

Me peguei na fé! Rezei o terço, sem um terço. Ou seja, contei as ave-marias nas mãos. Mas por obra divina a chuva aumentava. E o medo atormentava, com direito a lágrimas nos meus olhos. Minha irmã estava tranqüila, quase que dormindo...

Busquei outras orações, agora fortes! Que bradassem aos céus como os trovões naquela tarde! Procurei nos livros antigos de orações de minha avó. Achei um livro de orações a São José. Ah! O pai adotivo de Jesus poderia sim me atender!

Acendi uma vela num pires velho, comecei a folhear o livro. Repeti uma ladainha famosa dita por quase todo o sertanejo no dia 19 de março: "Valei-me São José; São José valei-me!"

E mentalizava aquilo. Minha avó que estava no seu quarto, sai me vê rezando na mesa de jantar com o livrinho dela. Então com isso ela me pergunta:

- Meu filho, o quê você está fazendo?

- Estou rezando pra São José pra parar essa chuva!

- Ora meu filho! Pra São José se reza pra fazer justamente o contrário! Para que caia chuva!

As minhas orações, fizeram com que a chuva aumentasse. Mas deixou a casa de pé. A chuva levou na época o telhado de um ginásio recém-construído e derrubou algumas casas...

Que Deus possa sempre nos dar uma fé de criança, pois só uma fé dessa que pode mover o mundo.