Eterna Procura.

As rodas continuam girando, girando, parece atordoar a mente, que por mais sã percebe-se estar, vive dias de extrema morbidez, os quilômetros vão se indo, as lavouras passam, parecem intermináveis, olhos não alcançam a imensidão delas, sabe, essas plantações de dinheiro, que é o que virão depois da colheita, e quem me dera eu ter um pedaçinho desse chão norteado de desejos e tentações, para labutar sol a sol, ou talvez simplesmente me render as promiscuidades mundanas, estereotipar a minha inerência de ser vil, e deixar-me permutar dissipando tudo em meios líquidos, que entorpecem a mente e da descompassados passos hilariantes aos transeuntes dessa vida.

Ainda acordado e afogado em consternação de pensamentos que diminuem drasticamente minha notória auto-estima, fico remoendo sobre os arcanos da vida, de como poderia eu ser, ou tornar-se uma deidade no mundo terreno, sabe essas crises existencial de adolescentes ou jovens em geral que se sentem perdidos, mais especificamente jovens de 22 anos, que não tem a mínima idéia do que fazer na vida, de que profissão seguir, ou do por que , ou para que vieram ao mundo, quiçá seja a maneira mais cruel de auto-flagelação, mais coisas banais nessa vida como o sofrimento que se torna o alçapão para dias melhores fazem parte do nosso místico dia-a-dia, e em graus cognitivos mais absortos entre nós jovens, talvez efeitos esses provocados por doses de x-salada, batatas fritas, bolachinhas, pirulitos, vídeo games, e pais super-protetores etc.

O zênite do meu pensar finda, e por alguns segundos meios maquiavélicos pareço sem vinda, à janela esta aberta, a branda aragem toca minha face assustada, de olhos frívolos arregalados, parece a morte em vida, todos sorriem, e conversam com você, você responde ligeiramente, mais logo volta ao estado vegetativo, novamente prostrando-se diante de si mesmo.

Toda essa balburdia do pensar ocorre em nove quilômetros, ainda faltam dezenove quilômetros, parece que paramos, deve ser o trevo, onde jovens universitários passam sistematicamente todos os dias para estudarem em cidades vizinhas, buscando conhecimentos para um auto-evoluir, ou simplesmente por que, os pais estavam cansados de verem você o dia todo inerte, literalmente em desuso, em estado pleno de inação, que não é o meu caso, já que estudo a noite, por que minha condição terrena de proletariado o dia todo não me dão tais regalias, dando ao jovem um carrão logo de cara, coitado o rapaz precisa de algo para se locomover, não acha?. Depois culpando o jovem por não ter tirado boas notas, dizendo, “ eu te dei tudo era só estudar”, substancialmente seja por isso, já que me deram tudo, não preciso fazer nada, quem disse que fumar narguilé, cigarro, ou outros derivados, e orgias em quitinetes, (frutos do carrão do papai), não faz produzir boas notas, mais ninguém e dono da verdade, muito menos do livre arbítrio.

Agora já me encontro em estado de melhora, graças ao lindo pôr-do-sol, que os dezenove quilômetros restantes proporcionam aos meus olhos cansados de sono, entre as nuvens de arrebóis que se forma em torno do sol, se há momento lindo para se tirar foto esse é um deles, sem sombra de duvidas, e de tanto persistirem sem ao menos saber, entre meios sibilos, bulhas, e brados retumbantes, eles claro, os amigos de “vam” (veiculo de transporte), consegue enaltecer o jovem que antes parecia perdido no vazio de suas entranhas, e agora renovado entre chispa de alegrias alheias, o jovem trilha novos pensamentos, impolutos e discricionários.

I agora demonstrando a força e o vigor da jovialidade, próprio da idade, o jovem (eu), não se vê perdido, quer dizer ainda perdido, mais auspicioso diante do mundo que lhe cerca, talvez ainda de chance de ser jogador de bola que é o que mais ama fazer, mais agora tenho namorada, amo ela, sem contar que ela é linda, e é o único motivo que me segura na pequena cidade, antes o medo também era problema, mais já faz parte do passado, e o que me impedi de alçar vôos maiores é ela, minha garota, loira leonina, coisas do amor, isso não se controla, é mais forte do que a gente, mais se não realizar meus sonhos talvez vire escritor, gosto, talento não sei se tenho, mais gostar já é um começo, ou jornalista, no momento desprovido de pagar um curso já que sou proletariado, mais daí fica um pergunta intrigante no ar, afinal que curso você faz então, ta ai um qüiproquó diante dos acima citados, faço educação física, gosto também é lúdico, faço ate academia, mais não sei ainda se e o que eu quero, tem haver com o meu sonho mais isso só estigmatiza mais ainda minha vontade, mais ainda melhor do que ficar parado esperando o trem da vida passar né.

Paramos Novamente, até que enfim, terminaram-se os dezenove quilômetros restantes, (acho que o rapaz do carrão chegou primeiro), me sinto mais aliviado, mais não posso afirmar que esse faz parte dos melhores dias, mais vitórias não são alcançadas só com êxitos, e sim na companhia de fracassos, as chamadas experiências no decorrer da jornada, esculpindo jovens em homens.

Paramos aqui, paramos ali, paramos diversas vezes ate deixar-mos todos nas suas devidas faculdades, chegamos na minha, já estou entusiasmado novamente com a vida, não sei por que, mais é bom sentir isso, vejo aquele aglomerado de pessoas, parecem um turbilhão de formigas. Correndo de um lado para o outro, desço da “Vam”, espero os incontidos carros passar, até o rapaz do carrão passa por min, talvez se eu tivesse dinheiro seria idêntico a ele, mais tenho certeza que seria diferente do pai dele, talvez pelo fato de não conseguir construir a mesma fortuna do pai dele, ou pelo simples fato de não ter coragem de realizar as mesmas ações ilícitas do pai dele que o levaram a concupiscência e ao patrimônio exacerbado, agora acho que ele até saiu da faculdade, ou deve estar comprando um diploma falso pela internet, sim, sim, até isso se compra pela internet hoje, até uma mãe nova se quiser. Consigo atravessar a rua, e em meio a corpos, rostos, faces, peitos, pernas e bundas me encontro, Oxalá, e que bundas, diante de tanta voluptuosidade insultando meu libido, é melhor correr pra sala afinal ninguém e de ferro né.

E assim termina mais um dia de vida na certeza de que um próximo esta por vir, tomara que eu não morra dormindo, afinal altas horas da noite, voltando na estrada, o transito fica meio caótico né, e eu que não sou de ferro, sedo as tentações da noite, adormeço, me livrando assim da crise existencial, que assolava minha mente na ida, até que o gentílico motorista num ato de pura covardia buzina, e interrompe meu cochilo para eu descer, chegamos, diz ele, e penso comigo, chegamos?, ainda não, creio eu que a essência não esta em chegar ou encontrar mais esta na eterna procura.

Andre Santana
Enviado por Andre Santana em 19/03/2008
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