Isabella

Menina, anjos não morrem. Podem ser atirados do sexto, do décimo ou do centésimo andar de um edifício. Não importa, anjos não morrem.

Eles podem até deixar de participar da vida das pessoas, como se fossem simples mortais como nós, mas continuam a ser anjos.

Nós, mortais comuns, é que acabamos sendo punidos, por não mais podermos conviver com estes anjos.

Vejo tuas fotos nos jornais, na tv, nas revistas e percebo que voce estava sempre sorrindo. Um sorriso lindo, puro, sincero, a verdadeira tradução da palavra felicidade. Teus olhos, lindos, parecem dizer que voce sabia que tua vida entre nós seria curta, tão efêmera. Coisa de anjo.

Sorte sua. Parece que voce sabia que tua missão entre nós, humanos (humanos?), seria curta. Sorte sua.

Viver entre nós, num mundo onde pessoas são capazes de praticar atos tão violentos, tão absurdos quanto os que fizeram contra voce,

não deve ser nada agradável.

Saber que mesmo as pessoa que não praticam tamanha violência já não conseguem se indignar com isto, também não deixa de ser uma forma de violência.

Queria te dizer que tenho muita pena de quem fez isto com voce. Saber que as mãos desta pessoa estão marcadas pelo teu sangue, a torna tão indigna, tão cruel, tão infeliz, faz com que tudo o que eu possa pensar a respeito é de que se trata de uma pessoa absolutamente infeliz.

Teve a oportunidade de te amar, teve um anjo nas mãos e agiu de maneira tão torpe, tão indigna. Infeliz.

A justiça é falha, sabemos. Tomara não falhe desta vez. Mas, afinal, de que adianta esta justiça? Voce já não está entre nós. Pelo menos como mortal.

Estará sempre como anjo, nos corações de tua mãe e de quem verdadeiramente te ama.

Um beijo.