Nas fronteiras da discórdia

Sei que escrever sobre o que não se conhece pode ser uma temeridade, sobretudo se há leitores, entretanto, a inquietação, mesmo não tendo sido suficiente para melhor inteiração, me leva ao que eu chamaria de “externar um sentimento”. Dito isto, fico mais leve para comentar. É-me sempre difícil acreditar num pacote completo. Adotar como verdade absoluta a opinião sobre uma questão. Quanto mais apaixonada ela se torne, mais me suscitará comedimento. Assim é o caso “Governo versus o General Heleno”. É claro que isto vale para os dois lados, isto é, à primeira vista, o governo reage por alguns motivos: “respeito é bom e eu gosto”, “consulte-me antes de abordar publica e negativamente assuntos que mobilizem a atenção dos eleitores”, ”não faça by-pass jamais”, etc. Da parte do General: “vão tomar nosso país e eles não fazem nada”, “Nós fazemos o trabalho duro e eles abrem as pernas”, “Não há condição de se proteger um território com esse tratamento dado a ONGs e índios”. Bem, nenhuma dessas frases foi proferida pelas partes, mas foi o que a mídia me fez pensar ter sido.

Que os eventuais pedidos de desculpa do General não relaxem o governo quanto à providência de guarnecer melhor a soberania. Que o General Heleno não seja punido por seu cuidado com o estado do “Estado brasileiro”. Finalmente, que o jogo de cena não afaste as partes de suas obrigações, seja pelo exagero de uma paixão, ou em nome da prática da distribuição.