Tudo era divertido, parece que foi ontem ...

Era assim todo fim de semana, desciamos e subiamos andando uma rua comprida, a Barão; virávamos a esquerda e olha lá a praça ao longo da Marechal.

Lá tinha fute, sei lá se é assim que se escreve, mas era algo estranho pra mim, formava-se fila dos dois lados da rua (homens, rapazes), e de frente pro centro da rua, (mulheres e moças) desfilavam seus coquis, seus modelos da época; devia ser lá por meados dos anos 70, época braba no Brasil, não que tenha melhorado, mas na minha inocente idade, ainda não entendia nada de nada.

Na praça tinha a banda, que entrava no coreto feito desfile.

Lá tinha o maestro Brandini, e muitos outros, bons no sopro, dos pistons, clarinetes, e a grande tuba, e o prato que ditava o ritmo, e cada batida meus olhos piscavam tal o barulho, como se isso protegesse meus ouvidos, era folclórico.

A fonte luminosa que jorrava água bem alto e algumas gotas feito garoa respingava a todos que ali se maravilhavam diante daquela beleza toda.

E todo fim de semana, apesar da longa caminhada, tinha o ponto gostoso, a volta.

- Sorvete pai, sorvete, compra pra nós.

Ainda não entendi direito, porque comprar dois picolés se o outro escoria pelas mãos.

Mas como era pequeno, mal conseguia dar conta de um, e pelas mãos escorria e fazia uma meleca só braço a fora.

Mas papai sempre comprava dois pra ele, o primeiro ela matava em quatro, cinco mordidas, enquanto eu olhava tudo aquilo e achava engraçado, lá ia pelo meu braço até cotovelo, o escorrido do sorvete, não dava conta.

E não via a hora de chegar em casa pra me lavar, pois um misto de suor e o melado do sorvete pelo braço, um banho era sempre bem vindo.

Lá se ia mais um fim de semana.

Muita coisa mudou de lá pra cá, mas não a vontade do sorvete, da música que hoje mais forte, acho que era alimentado, preparado para o os acordes do rock que hoje alcançam decibéis mais vibrantes, porém não perdi as doces lembranças de um tempo mágico e simples e muito, muito divertido.