Será mesmo o fim dos livros impressos?

Será mesmo o fim dos livros?

Esse tema vem sendo discutido por escritores, jornalistas, empresários e profissionais do mercado gráfico, especialistas da informática e da Internet, leitores e tantas pessoas que se interessam pelo assunto, seja por curiosidade, por nostalgia ou por milhares de pessoas que tem nele sua forma de sobrevivência (já que a produção de um livro impresso depende do trabalho de dezenas de pessoas, desde o próprio escritor, passando pelo editor, profissionais da área editorial, corretores e tradutores diagramadores, pré-impressão, impressores gráficos, acabamento, logística, distribuição e vendedores, até chegar ao leitor, o consumidor final deste produto), Por isso, resolvi expor alguns pontos e falar um pouco sobre o assunto, espero não ser repetitivo.

Com a evolução da informática e da Internet, alguns especialistas apontam para o fim do livro impresso. Seu sucessor seria o e-book. Com ele os títulos podem ser lidos através da tela do computador, ou num pequeno aparelho (leitor de textos) com capacidade para armazenar mais de duzentos livros, além disso, esse pequeno aparelho já vem com dicionário, tradutor de inglês, que tornaria possível traduzir obras inteiras para leitura, e ainda tem capacidade para reproduzir músicas e até alguns textos em MP3.

Alguns títulos serão distribuídos (baixados da Internet) gratuitamente, e os títulos pagos sairiam bem mais baratos que os livros impressos, uma vez que não existirá o custo do papel, nem da impressão e distribuição, e nem o risco de ficar mofando nas prateleiras das livrarias. O usuário poderá pesquisar títulos, autores, data de edições e qualquer informação sobre qualquer titulo, claro pagando pela conexão à Internet. Também será possível (segundo os especialistas) comprar livros por capítulos. Imagine só... Se você não gostar nos primeiros capítulos, é só parar de ler e não comprar os seguintes... O usuário também poderá votar e analisar os resultados destas obras em relação a sua qualidade e interesse dos demais leitores através de fóruns virtuais.

Realmente é algo interessante e revolucionário... Eu particularmente gostaria de ter um destes... Mas confesso que usaria para consultas, busca de títulos, obtenção de maiores informações sobre determinadas obras. Realmente é algo inovador, e para qualquer pessoa que se interesse por novas tecnologias será um item prioritário de compra.

Sem questionar, elogiar ou criticar o novo formato, se faz necessário algumas observações (principalmente para aqueles que como eu são apaixonados por livros, de modo inclusivo, em sua estrutura física). Gosto de passar horas numa livraria, escolher, analisar, olhar, tocar, ficar na dúvida se levo um ou outro, talvez apertar um pouco mais o orçamento e levar os dois, talvez um terceiro, que não estava nos planos, ou que eu nem mesmo conhecia, e acabar levando-o. Sinto necessidade de tocar o livro, antes de decidir por levá-lo pra casa. Parece pouco, mas não é. Ver os detalhes da capa, ler dedicatórias, observar a fonte em que foram escritos, entre tantos outros detalhes. Sem contar que esses pequenos aparelhos estão sujeitos a interromper seu funcionamento no meio de uma leitura interessantíssima, por falta de energia ou bateria, pane no sistema, quebra; Nada disso acontece ao livro impresso.

Também seria o fim das bibliotecas reais, e conseqüentemente das livrarias. As grandes coleções normalmente comercializadas por jornais e editoras em distribuições semanais seriam reduzidas à apenas um CD, uma vez que textos ocupam pouquíssimo espaço em formatos como PDF. Sem falar na economia do espaço físico: Guardar, organizar e encontrar arquivos digitais é uma tarefa bem mais simples que procurar livros impressos em estantes lotadas.

Toda vez que temos uma novidade, discute-se a possibilidade do antecessor cair por terra. Quando apareceram os primeiros textos escritos, chegou-se ao absurdo de decretar o fim da comunicação pela fala; Com o surgimento do cinema, cogitou-se o fim do teatro; Quando Graham Bell inventou o telefone, decretaram o fim das cartas escritas, foi assim também no surgimento do fax e do e-mail; Na estréia da televisão, os primeiros comentários eram de que o rádio já era. E nada disso aconteceu. Como na chegada da Internet e dos noticiários on-line nos provedores - foi decretado o fim do jornal impresso, ledo engano, pois o contato com o noticiário no formato jornalístico divulgado pela Internet, acabou despertando a curiosidade e interesse de novos leitores aos jornais impressos. Acredito que acontecerá o mesmo entre os livros impressos e os e-books. O livro eletrônico não veio para acabar com os impressos, mas, para se complementarem, pois ambos apresentam vantagens e desvantagens em relação ao outro, quem sabe, assim como aconteceu com o jornal, o e-book não possa despertar o interesse pela leitura e até aumentar o consumo dos livros impressos, pois facilitará a divulgação logo após o lançamento de novas obras, tornará acessíveis livros de autores fora da mídia e desconhecidos da grande maioria dos leitores, dificilmente encontrados nas grandes livrarias. Em resumo, tornará os livros, impressos ou eletrônicos mais acessíveis àqueles que não tem o costume de freqüentar livrarias. Além do mais como disse o grande escritor José Saramago: “Uma carta de amor enviada por e-mail nunca poderá ser perfumada, marcada por um beijo com batom, ou molhada por uma lágrima”.

Marcelo Nocelli
Enviado por Marcelo Nocelli em 23/04/2008
Reeditado em 21/02/2009
Código do texto: T958867
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