Reflexões na madrugada

Tarde da noite, cansado, sem criatividade para escrever algo melhor que lamentos pela falta do que dizer. Curioso o que um dia atípico faz com a gente, o cansaço se tornou companheiro natural durante toda a semana, no último dia então ele quer ser mais forte que a gente, ainda que tenham acontecido momentos únicos. Lamentável essa indisposição até mesmo para contrariar coisas que deveriam ser naturais, como o encaminhamento para aquele lugar onde a vida não pára – lá bem longe da rotina e do marasmo.

Também de que adiantaria rumar sem destino só para voltar a sentir coisas que a gente não tem saudade, basta guardar na memória – como fazem os velhos acrescentando as frases e expressões tipo "no meu tempo de guri". Aliás, que beleza eternizar esta fase de guri – poder ser inconseqüente, aquela velha desculpa da inexperiência. Agora, não dá mais para falar sem pensar, nem sonhar livremente – conseguem coibir até estas coisas ilusórias que só deveriam habitar nosso pensamento. Muitos não percebem, mas tudo que estão pensando está sendo predeterminado pela mídia, governo e outras classes ainda piores.

E pensar tem se tornado um duro exercício para muitos, aliás de que adianta pensar e não compreender as próprias conclusões do pensamento, não encontrar a lógica de tudo? Pior ainda, há quem pense e não tire conclusões, e se perde em meio ao caos de suas ilusões. Em algum lugar já escreveram que a burrice é não saber entender as próprias razões. Aliás, de que vale a inteligência nos dias atuais se não é para ser vendida e utilizada para fins que contrariam aquilo que deveria ser certo e moral?

O mundo atual é um conglomerado de idéias, boas e duvidosas – mas normalmente idéias. Nada de ações, e quando há, são muito questionadas ou questionáveis. Não há unanimidades, tampouco verdades para se acreditar. O que existe são fragmentos de sonhos dentro das cabeças de cada pessoa, o problema é que estão impedindo a fabricação e concretização de sonhos. Impostos, leis, maneiras, regras, políticas, punições – artifícios usados como forma de coibir o livre pensamento. E de que adianta reclamar? Adianta muito, ao menos é isto que as pessoas devem pensar. Falando nisso, o que importa escrever o melhor texto do mundo se ninguém lê? E de que adianta ainda se revoltar se as pessoas não abrem seus pensamentos para o que realmente importa, e o que importa, afinal? Algumas coisas estão na cara, mas nem precisam de uma razão para serem respondidas.