E o feitiço virou contra o feiticeiro

Caro Protetor Solar, não sou muito de pedir desculpas, mas é que em meu último texto fui um pouco tanto quanto rude com você e tenho certeza que você leu e não gostou de minhas declarações.

Até pensei que não iria ler, até mencionei que tinha certeza que você não estava nem ai pelo o que estava dizendo, mas estou vendo que o que aconteceu foi exatamente o contrário. Acho que subestimei a mim mesmo.

Confesso que fui um pouco ásperos em minhas palavras quando lhe chamei, ou melhor, lhe xinguei de branquelo e mau caráter, mas é que você, ultimamente, também não tem sido um bom companheiro pra mim. Bem que disse que sabia do seu grande poder.

Vou enumerar as malfeitorias que o senhor vem me fando: Travestido de um cheirinho de uva, você grudou na minha pele, me deixo com ansias o dia inteiro e para finalizar, fez com que algumas abelhas rodeassem meu lambuzado corpo. Resultado: uma bela picada no ombro e outra no vão entre o dedão e o indicador, na mão.

Ah! Não posso me esquecer de quando fui em uma praia, que agora não me recordo qual, meu pai me deu uma prancha de brincadeira para pegar alguns jacarés no mar, mas, não sem antes você encralacar em mim, é lógico. Até chegar no mar, areias grudaram em você, que conseqüentemente estava grudado em mim. Bem, na primeira onda que eu peguei, eu, você, a areia grossa e a prancha dançaram todos juntos. Resultado: ralei todo o meu peito, fiquei vermelho e queimado com tão grande atrito.

Na piscina, certa vez, minha mãe queria porque queria que você me acompanhasse, mesmo sendo proibido de entrar no clube. Parecia uma múmia andando pelo clube, todo besuntado de uma gosma branca. Resultado: antes de dar um pulo na água um apito indicou que eu não poderia entrar na piscina com protetor. Olha a vergonha que você me fez passar.

Finalizando, em janeiro fui à praia, Praia Grande, sendo mais preciso. Fazia menos de um mês que havia feito minha primeira tatuagem e o melhor, adorei ela e queria só andar de chinelo e descalço só para as pessoas verem que legal ela tinha ficado. Como a tatuagem era no pé, a tatuadora pediu que não tirasse você de cima dela. Resultado: Você a escondeu durante toda minha estadia na praia, ninguém viu e ainda a cobria de areia.

Bem, ontem te escorracei, queimei seu filme. Disse que você era traiçoeiro para baixo. Até convenci algumas pessoas, mas você, como sempre, vive interferindo na minha vida. Você me atrapalhou de novo. Só porque eu lhe provoquei dizendo que o seu companheiro Guarda-Sol era bem mais eficaz, você me faz uma dessa?

Não vou mais à praia no final de semana. Eu sabia que você tinha um pacto com a camada de ozônio. Acho que não tem nada a ver, mas você conseguiu trazer a maior frente fia do ano e não contente trouxe também uma chuva para melhorar as coisas. Você fez isso, tudo bem, mas a cervejinha que eu lhe disse, ainda está de pé.

Diego Mendes
Enviado por Diego Mendes em 29/04/2008
Código do texto: T967483