QUAL O FUTURO DO TRABALHADOR?

“O Comércio do Jahu”, edição de domingo, dezesseis de março: “Pedreiro eletrocutado em barracão”. Em seguida, a triste narrativa: “... o pedreiro trabalhava no telhado da obra e, ao manipular barra de ferro, atingiu a rede elétrica, provocando descarga que o vitimou...” Entre centenas de outros acidentes, é o segundo caso dessa natureza em pouco tempo. Há questão de quatro ou cinco anos, se muito, um trabalhador morreu esmagado numa usina de açúcar da região, simplesmente porque alguém ligou a máquina em que ele realizava manutenção. E, nos canaviais do estado, rurícolas perdem a vida e a saúde todos os dias. São notícias estampadas nos jornais, além dos noticiários de televisão. Acho que até já nos acostumamos com elas.

Hoje, primeiro de maio, muitas famílias não terão porque comemorar. Infelizmente, acidentes acontecem, dirão alguns. Fatalidade, obra do destino? É evidente que não. Afinal, uma das principais normas em vigor já sintetiza toda a preocupação nesse sentido, visando “... a preservação da saúde e a integridade dos trabalhadores, através da antecipação e controle dos riscos ambientais existentes ou que venham a existir no local de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais”. Como vêem, envolve uma série de atitudes corretas. Que bom se tudo isso fosse obedecido!

Revendo a história da evolução das conquistas trabalhistas, descobre-se que a primeira legislação nesse sentido apareceu em 1898, quando teve início a regulamentação da jornada de trabalho, a higiene nos estabelecimentos industriais, a assistência médica de urgência. Eram os primeiros passos rumo à humanização do trabalho. Isso, claro, lá na Alemanha. O nosso país ainda era eminentemente agrícola. Nos Estados Unidos, contudo, os operários já se organizavam desde 1881, quando começaram a lutar pela jornada de oito horas – até então eram doze - repouso semanal no domingo e compensação por acidentes de trabalho. Até aí, tudo transcorria de forma tensa, mas pacificamente.

Em 1886, a cidade de Chicago assistiu a um violento confronto entre o capital e o trabalho, pois as indústrias não concordaram com os pedidos dos funcionários. Em meio às greves que estouraram, um jovem de apenas vinte e um anos foi baleado. Peter McGuire tornou-se o mártir oficial das reivindicações trabalhistas, transformando o dia primeiro de maio em um marco mundial. Menos lá nos Estados Unidos, é claro. Em 1891, na França, doze funcionários foram mortos quando participavam de uma comemoração pela passagem do seu dia. Parece que mais de um século e muitas outras vítimas anônimas depois, as duas partes ainda tentam se harmonizar melhor. Tomara!

Na esteira de muitos outros países, em 1938 o Brasil institucionalizou o “dia do trabalho”, declarando-o feriado nacional. Mas só em seis de abril de 1949 foi definitivamente reconhecido como data nacional de comemoração.

As normas de proteção à vida e saúde do trabalhador só apareceram em dezembro de 1977. Mas, apesar delas, muitas vidas ainda se apagam. O caminho é bastante longo e a chegada de novas tecnologias colocam em risco os empregos e uma longa história de muitas negociações. Resta apenas uma pergunta preocupante que só o tempo responderá: “qual o futuro do trabalhador?...”