EU NÃO MINTO - 3
Evaldo da Veiga

Quando estou um pouquinho triste, com esse meu ânimo constante de estar sempre contente, exagero: digo que estou quase morrendo de tristeza, escrevo Poesias de quem está despencando no desfiladeiro inverso do amor, invento a bessa. Ai recebo um montão de comentários e e-mails solidários, carinhosos, colinhos lindos, e fico logo bom. É um golpe que nunca falha. É por isso que eu disse e vou repetir: pra ser feliz vale tudo, até fingir que é feliz. E ainda, fingir tristeza, com as devidas cautelas, tem que ser esperto... E dou um exemplo: finjo que estou triste, recebo um montão de carinho e solidariedade, resolvo ficar triste outra vez. Tanta coisa protetora pode gerar o vício do desejo de proteção. Cuidado. Mas também tem um outro lado bacana, ainda: gente dando força, elogios pra mim e palavras de ordem e vaias contra a tristeza “FORA À TRISTEZA” – “ABAIXO À TRISTEZA”, “TRISTEZA NUNCA MAIS”, "XÔ TRISTEZA” (essa pegou bem, xô), os meus dois lados otimista e feliz, não fosse à tristeza, não saberia valorizar tanto a solidariedade e o amor. É a vida, um jogo: ganhos e perdas. E ainda, é preciso saber que a tristeza também tem luz, é um farol que ilumina o caminho e alerta a alma, conduzindo ao amor, consertando as falhas emocionais. Quando chega a tristeza, é bom pedir socorro à pessoa indicada, e ter a humildade maneira de aceitar como um bem maior, um gostoso colinho. SÓ ISSO.

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