O texto sobre as bobagens ditas pelo Romário duas semanas atrás no Fantástico (www.jmdelgado.com/visualizar.php?idt=955353)
gerou uma certa celeuma entre eu e um amigo. Este afirmou que o que eu queria era a volta da censura. Jamais disse isso e condeno quem a defenda, mas como disse Jack, o estripador, vamos por partes.

           A liberdade de expressão é digna e sem preço. O apreço por ela já me colocou em diversas situações no mínimo constrangedoras, porém não abdico de opinar publicamente, quando isso é pensando no bem comum.

           Quando afirmei no texto anterior, que deveria haver alguma agência ou orgão que regulasse certos abusos, como o ocorrido 14 dias atrás no Fantástico, foi pensando na grande maioria da população, que infelizmente não tem discernimento para desligar a TV quando algo ruim lhe é apresentado.                Defendo  o povo, que por falta de escola, cultura e comida acredita que ser malandro como Romário é uma virtude e não uma distorção. Uma coisa é um Zé Mané qualquer ir a TV e dizer as barbaridades que lhe passem pela cabeça, outra é um ídolo nacional pregar a malandragem, o levar vantagem em tudo, a apologia da vagabundagem.

          Porque a maioria dos pais se preocupam com a pedofilia (pelo menos deveriam) na internet e não estão nem aí para mal exemplos como Romário ou mais recentemente Ronaldo "phenomeno"? O mal é o mesmo: a falta de valores, de virtudes em qualquer dos fatos acima . Uma coisa é assistir ao Casseta e Planeta, que todos sabem que é um programa de humor, outra é um "cidadão do mundo" pregar a falta de mínimos valores para a sociedade. Se 1.000 pessoas que assistiram "aquilo" mudarem seu rumo na vida para aquilo que Dom Romário prega, este deveria ser responsabilizado.
   
         Concordo com meu amigo, que não deve haver censura, mas o "sensor interno" daqueles que dirigem a TV deveria ser mais aguçado e atento. As palavras de Romário em um país civilizado não faz mal algum, pois a maioria entende que aquilo é uma tremeda bobagem e não os afeta. Eles simplesmente desligam a TV e fim. Quando o cárater está em formação, qualquer bobagem pode se transformar em VALOR. Aqui,  esse tipo de comportamento funciona como uma eucaristia.

          É muito bonito dizer: "quero minha liberdade de escolher o que ver". Concordo com isso. E se sua filha de 7 anos estiver na internet vendo pornografia? Você seria assim tão liberal? Afinal a internet é o que há de mais democrático no planeta. Qual  a diferença entre Romário na TV de Quixeramobim e duas mulheres nuas na tela com PC em Moema? No sentido de liberdade de expressão simplesmente nenhuma.

          A maioria do povo brasileiro é composto de "crianças" adultas que ainda não discernem que jogar lixo na rua é prejudicial a todos, que colocar o carro na vaga de deficientes (quando não se é) prejudica outras pessoas. Necessitamos urgente de educação, e não somente de álgebra ou geografia, mas aquela que vem do  berço, que independe da conta bancária. Nosso povo precisa de bons exemplos e não de Romários, Lulas, Ronaldos. Precisamos de uma TV que eduque , afinal temos muito mais tubos de raios catódicos em funcionamento que quadros negros.

          Meu amigo e irmão, lembre-se que educar é impor limites, é mostrar o caminho do bem, sem limitar a liberdade do pensar. Nenhum povo atinge um nivel social adequado sem ser pragmático. Platão teve seu valor por nos mostrar os ideais humanos, mas Aristóteles foi quem nos colocou no caminho do progresso como sociedade democrática. Temos que ser práticos antes de idealistas. O ideal não existe, pois se assim fosse não mais o seria.  Democracia sem ordem ou valores é somente uma utopia, assim como o Comunismo o foi ou a Anarquia seria.