O QUE É SER MÃE ?

Ser mãe é ter uma vida de renúncias da própria vida. Desde o início da gravidez ela começa a privar-se de coisas, das quais dizia jamais largar ou afastar-se. Tudo em benefício daquele novo ser, que está se formando em seu próprio ventre e se preparando para chegar neste mundo.

Os seus lazeres e preocupações passam a ser outros. Mudam seus horários, sua alimentação, suas roupas, seu humor, seu sorriso e até seus amigos. Os falsos e os verdadeiros começam a se revelar.

O mundo, ao redor daquela mulher, começa a mudar. Para ela, até seus antigos conceitos e valores podem se alterar. Quantas questões que sempre desdenhou se transformam em preocupações diuturnas e, o que é pior, às vezes preocupações acompanhadas com sentimento de culpa por ter sido colaboradora para criar a situação que agora teme.

Mas o amor de Deus jamais deixará faltar-lhe a companhia, a assistência e todo apoio de pessoas de bem, porque aquele ser que está chegando ainda não está maculado com os males do mundo, fato que atrai gente viciada em caridade e fraternidade.

Chega o grande dia: expectativa, emoção, alegria, tristeza, euforia, decepção, o que viria ?

A questão determinante do futuro de várias vidas, em torno daquele ser que chega: “saúde”. Quando perfeita, alegria geral e já iniciam-se as renúncias em benefício dos lazeres e felicidade do bebê. Mais tarde as preocupações com a escolha e matrícula na escolinha mais adequada, desde que esta mãe se inclua dentro da pequena porcentagem que podem se dar esse luxo, neste país. Caso ela esteja entre a maioria das mães deste mesmo país, apenas a preocupação da matrícula na escola que for possível, ainda que sem higiene, sem professores suficientes e exposta a todo tipo de bandidagem. Já na adolescência a preocupação com as amizades, as novas companhias. Se estiver entre as privilegiadas ainda pode “tentar” controlar pelo celular ou oferecendo boas opções de entretenimento, etc. Se no grupo das pobres só pode rezar para que seu tesouro não se envolva com o crime e que arranje logo um emprego, mesmo sem carteira, para ajudar no sustento daquele lar insustentável.

As mães brasileiras, particularmente, enfrentam um drama que as de países desenvolvidos não têm. A história já provou que talento não falta para esse povo que revelou ao mundo gênios da arte, da ciência, da literatura, da arquitetura, da medicina, etc. Mas somente um idealismo muito forte levará o filho ou filha a realização desses nobres objetivos na vida, pois a desmotivação é monstruosa. Quem já não se perguntou se valeria a pena tanto estudo e tanto sacrifício para seguir uma carreira dentro dos meios jurídicos, da medicina, da engenharia, do jornalismo, etc. sem um retorno financeiro compensador, enquanto qualquer pessoa sem tanto preparo, em poucas semanas, pode ficar milionário participando de um programa de TV, eivado de mediocridade, desprovido de um mínimo de ética e moral ? Se valeria a pena o trabalho exercido com responsabilidade, enquanto os meios de comunicação não param de divulgar que gente, às vezes, sem sequer o ensino fundamental, ocupam cargos importantes, recebendo altas remunerações que são uma afronta à nação e, mesmo assim, se entregam ao tumor da corrupção ?

Quando a criança vem com alguma deficiência então, não preciso nem comentar. Se para as privilegiadas começa um “calvário”, para as demais só trevas. A busca por clínicas e escolas especializadas. A dor da decepção diante do comportamento de amigos e parentes, intercalada por oásis formados por mãos caridosas que, inesperadamente, se estendem. A batalha maior e mais infame de todas: “a luta contra o preconceito.”

Para todas as mães (dos considerados perfeitos), na maturidade ou precocemente, um dia chega o drama do casamento. Quem é aquele outro ser que está lhe arrancando dos braços, de seu lar, de seu controle o filho ou filha por quem vivenciou tantas renúncias ao longo de sua caminhada ? Continuará zelando pela felicidade de seu ente amado ? Não importa, ainda que seja um inimigo ou inimiga que ganhou, mais uma vez irá renunciar até o direito de defesa, fingindo que está tudo bem, desde que seja para a felicidade do filho ou filha.

E se um dia esse casamento acabar, por mais que a mãe tenha sido confrontada, desprezada, humilhada e magoada, suas portas, assim como seu coração sempre continuarão abertos para acolher aquele ser que ajudou vir ao mundo para cumprir alguma missão.

E a morte ? É incalculável a dor e sofrimento que ataca até a alma de uma mãe quando sua cria deixa este mundo antes dela. A sensação de sonhos e esperanças perdidos, como se fossem jogados no lixo, mais a impressão de ter tido um pedaço de seu próprio ser arrancado de si. As lembranças eternas. O sentido de uma certa presença espiritual. Coisas indescritíveis.

Assim o Criador vai traçando os rumos da humanidade e a Sua sabedoria, escolheu a fêmea para dar continuidade à sua obra, por motivos que a nossa pequenez não permite alcançar.

Ser mãe é cumprir essa nobre tarefa que, até entre os animais e desde os primórdios da criação, tem suas peculiaridades que transcendem o que há de mais sublime em todo universo.

Ser mãe é renunciar a própria vida pela vida dos seres amados.

Eu me rendo à elas, mulheres. Nós homens não teríamos os predicados necessários para essa tarefa: sensibilidade, resistência à dor (física e moral), paciência, coragem, desprendimento, altruísmo, resignação e renúncia a uma vida independente. Que neste dia 11 de maio Deus abençoe todas as mães do mundo, desde aquela mais rica que pode oferecer tudo de melhor a seu filho ou filha, até aquela que, em estado de miséria, só pode dar seu sangue, doentio, e sua própria vida para que os filhos sobrevivam !!

SP. maio/2.008

Fernando Alberto Salinas Couto

Fernando Alberto Couto
Enviado por Fernando Alberto Couto em 06/05/2008
Código do texto: T977653
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.