Eu não sei se são as mulheres de Antcheli, talvez sejam já que são tantos casos num universo tão pequeno. Antcheli é uma cidade minúscula.
Para as mulheres de Antcheli, não há homem digno de seu amor, nem aqueles que acham maravilhosas todas as futilidades existentes na terra, nem os mais românticos que ficam suspirando palavras e versos. Não, não servem.
Ok, se não servem, não servem...
E o mais curioso é que os homens de Antcheli se apaixonam justamente por essas mulheres! E como se apaixonam, e como lutam, e como escrevem versos, e como buscam, e como se descabelam, os homens de Antcheli!!!
Como se só Antcheli existisse no mundo!!!! Como se fossem as únicas, as mulheres de Antcheli!!!
Mas às vezes, por algum descuido astral, um desses homens de Antcheli se envolve com uma mulher de outras plagas. Se envolve, porque se apaixonar, se descabelar só por elas, as suas deusas de Antcheli...
E então ocorre o mais inverossímil dos fatos, algo que passa raspando pelo bizarro. As mulheres de Antcheli ficam enlouquecidas pelo rapaz em questão, que continua não servindo para elas, mas não pode servir para mais ninguém... E passam a exercer uma perseguição frenética à pobre moça que ousou gostar do que elas descartaram... E é bem assim mesmo, singular, singular, plural, plural...
E as mulheres de Antcheli levantam coisas do passado, declarações de amor de toda espécie que o referido moço um dia fez... um dia também não, vários porque são várias as mulheres. Outra característica do povo de Antcheli, o sujeito é rejeitado várias vezes, ao mesmo tempo, porque se apaixona por várias mulheres ao mesmo tempo...
E no fim da história, ficam todos sozinhos...
Para as mulheres de Antcheli não há quem sirva,
para os homens de Antcheli, só as mulheres de Antcheli...
E como o pessoal de fora não tem sangue de barata...