ÀS NOSSAS MÃES

HOJE, COM ESTE POEMA- "MINHA MÃE" - QUE DEIXO AQUI NA PÁGINA DE POEMAS, FAÇO UMA HOMENAGEM A DUAS MÃES MUITO ESPECIAIS

Deixo aqui uma homenagem à minha mãe, Neuza Moreira Spínola, e à mãe do Roberto, Ana F. Gonçalves.

Como a história das duas tem muitas semelhanças de uma vida de sacrifícios, de tristezas, de muito trabalho, e principalmente porque D.Ana Gonçalves ainda é viva, com 103 anos, e a minha mãe, se estivesse viva, teria feito 83 anos em março, quis fazer uma homenagem às duas, misturando as histórias semelhantes num poema só.

A história de D.Ana Gonçalves, que já não CONSEGUE MAIS FALAR, deixou-me muito sensibilizada, pois esteve à merce de uma enfermeira por nome "Divina", (que nada tinha de divina), que a maltratou durante um bom tempo, pois a mesma passava o dia inteiro sozinha, com esta mulher, enquanto a família trabalhava.

Neste período, seu filho Roberto, que não morava com ela, esteve atravessando problemas sérios de saúde, tendo sido internado, sendo submetido a cirurgias, tendo sua vida por um fio (10%), e não podia visitá-la.

Quando ele pôde andar, em visita à mãe, percebeu seus olhos tristes, seu queixo caído, a expressão de quem não tinha mais vontade de viver, e preocupou-se com isto, tendo descoberto em seguida, vários hematomas no seu corpo, provocados por pancadas dadas por esta mulher que estava lá para cuidar dela.

Este TEXTO tem por objetivo, fazer alguma coisa; alertar para que as pessoas tenham mais cuidado com seus idosos e suas crianças, que ficam em mãos de enfermeiras ou de babás de criação e procedência duvidosos.

Lembrem-se que eles são indefesos, e poderão ser chantageados para ficarem calados. Desconfiem, observem, fiquem atentos sempre, porque eu mesma tive que abandonar meu trabalho para cuidar de perto das minhas filhas, pois elas, sempre alertadas por mim, denunciavam e não se deixavam ser enganadas por ameaças.

Não sei o que fazer para ajudar o Roberto. Não sou advogada, pois se o fosse, já teria, certamente, tomado minhas providências no sentido de fazer justiça, mas preciso fazer alguma coisa para ajudá-lo em seu desespero e sua impotência diante de um fato acontecido e que não pôde ser evitado.

Esta foi a maneira que encontrei, Roberto!

Espero que isto possa ajudá-lo de alguma maneira a minimizar o seu sofrimento diante do ocorrido com sua mãezinha tão querida.

O sofrimento dela, já aconteceu, e graças a Deus, ela encontra-se livre daquela megera que a maltratou tanto! Hoje voltou a sorrir e a tentar falar!

Mesmo eu, que a conheço só por foto, sinto por dentro uma angústia enorme de ser impotente diante disto. Dói fundo dentro de mim qualquer injustiça, principalmente quando diz respeito a uma idosa que nem pode reclamar, nem pode falar mais.

Tive pais idosos também, dos quais ajudei a cuidar, apesar de morar a 900km de distância. Passava com eles 30 a 40 dias, cada vez que se fazia necessário aliviar minha irmã e meu cunhado do encargo, pois meu pai, já com 91 anos, não andava sozinho mais, e minha mãe fraturou o fêmur por três vezes.

Os dois ficaram um bom período, acamados juntos, e as enfermeiras e empregadas que deles cuidaram, sempre supervisionadas por nós, tinham-lhes todo o carinho, e por mais cuidado que tenhamos tido por eles, depois que os dois se foram, ficou ainda uma sensação de que poderíamos ter feito muito mais.

Mas nos sentimos abençoados, porque meu pai, apesar de ter boa saúde, era muito mais dependente de cuidados, que minha mãe, que de repente teve um AVC, seguiu-se outro, dois enfartos e 30 dias após sua hospitalização, meu pai morreu de parada cardíaca, 20 dias antes do falecimento dela. Nenhum dos dois soube da morte do outro.

Agora, Roberto, diante deste fato ocorrido com sua mãe, que teve uma vida tão difícil, que criou os filhos costurando dia e noite, não consigo deixar de colocar-me no lugar dela e imaginar-me nesta situação. Uma situação de displicência e abandono, para que pudesse tudo isto acontecer com ela, sem que ninguém percebesse ou pudesse tomar alguma providência.

É muito doloroso para qualquer pessoa, imaginar-se assim, após ter lutado tanto para criar filhos e netos.

Minha própria filha revoltou-se com tudo isto, e a primeira coisa em que pude pensar, foi escrever aqui esta história. Gostaria de poder ajudar o Roberto a resolver definitivamente este problema.

Ele sabe que estou disposta a escrever algo, e espero ter ajudado de alguma forma, Roberto! Deus não vai permitir que uma mulher e mãe, com 103 anos de idade, seja torturada como foi, e a torturadora fique impune. Não ficará, certamente, porque o castigo que ela possívelmente não receberá de vocês, das mãos de Deus, certamente não escapará, pois a justiça divina, mais cedo ou mais tarde, se manifestará, ou a mesma repetirá a façanha, acreditando novamente não ser castigada.

Espero ainda que haja alguém com espírito de justiça neste mundo, e eu precisava escrever isto para não sentir depois, que poderia ter feito alguma coisa, e me omiti diante de tudo. Beijos