AMOR, CASAMENTO E TRAIÇÃO

Esta semana fui fazer uns pagamentos e enquanto esperava minha vez fiquei ouvindo a conversa que se desenrolava a minha frente, a principio sem querer, depois confesso, direcionei as antenas. Elas falavam, na realidade uma delas, sobre “seu amor”. Dizia de sua felicidade e que tudo só não era melhor porque ele tinha pena da esposa e não podia, ainda, separar-se, pois ela era uma mulher problemática, não suportaria a separação e tinha que concluir uns projetos pessoais, mas logo iriam viver juntos.

A outra ouvia tudo atentamente e vez ou outra interrompia para apoiar a amiga, certo momento ela proferiu esta pérola: “esposas são todas iguais, recalcadas, mal amadas, frustradas e ainda faz chantagem com os coitados dos maridos”. Nessa hora deu vontade de rir, o que fiz, mas só internamente.  Não eram duas meninas, mas mulheres aparentemente maduras e independentes. A namorada, convicta de que seu amado vai “arranjar um jeito de livrar-se daquele estorvo”- foi assim que ela referiu-se a esposa, fez comparações entre elas.

Chegou a minha vez e não pude continuar ouvindo a conversa. E pensei comigo mesma como a história das relações é quase sempre a mesma, homens casados que se envolvem com outra, sem a menor intenção de desfazer-se do casamento, mas colocam na esposa a culpa pela continuidade da relação. Incrível como em pleno século XXI ainda há quem acredite nisso. Eu acredito que quando há amor, desejo verdadeiro de viver a relação, nada, nada mesmo impede o homem ou a mulher de deixarem tudo para trás e viverem suas vidas, pagando o preço que for. Às vezes é alto, mas se há amor, vale à pena.

Não acredito em amores que pedem um tempo, que precisam de um momento futuro para decidir o presente, se é assim pode até haver amor, mas não há intenção de viver a dois. Fiquei pensando naquelas senhoras e me perguntei se elas realmente acreditavam no que diziam ou se era apenas uma forma de justificar a espera por algo que, no fundo, sabem que não terão. Não sou moralista, mas sempre que vejo alguma amiga envolvida com homem casado eu alerto para que tipo de vida ela sonha. Não tenho nada contra “as outras”, apenas acho que quem faz essa escolha deve estar muito consciente de todas as privações que esta relação oferece, pois mesmo havendo amor, sempre haverá momentos de solidão, espera e longas ausências.

E o mais importante, não cobre por uma coisa que acredita ter direito. No amor não existe isso. Damos e recebemos aquilo que desejamos, o resto é apenas ilusão criada, sonhos alimentados por corações solitários. Ser a outra ou a esposa não é o mais importante numa relação, o importante é que os envolvidos sejam felizes, sem cobranças, expectativas ou provocações. É preciso não esquecer que quem entra numa relação como a terceira pessoa deve ser muito seguro (a) e ter uma posição muito firme, pois não é fácil viver as escondidas um amor que se acredita ser grande o bastante para enfrentar o mundo. 

É muito comum a namorada acreditar que as esposas são hipócritas, pois preferem conviver com a traição a abrir mão do casamento, pode haver um fundamento nessa afirmação, mas não podemos esquecer que quem faz essa acusação esquece que ela é parte dessa hipocrisia, pois também vive uma relação mal resolvida, um amor temperado com mentiras e traições.

Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 17/05/2008
Reeditado em 27/06/2008
Código do texto: T993426
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.