RECEITA

Não se faz um escritor apenas com entusiasmo e vontade. Tais manifestações podem ser os primeiros passos, mas outros necessitam também ser dados na seara da leitura, do estudo, do treino constante com a palavra escrita, e no domínio dos conhecimentos gramaticais.

Vale ressaltar que um mestre da palavra deve ser um grande observador de tudo o que o cerca, bem como um atento ouvinte do mundo. Não pode, em hipótese alguma, ser um indivíduo “desligado”, mas sim um “antenado” às ocorrências objetivas e até subjetivas.

A disposição de observar e ouvir somada aos estudos, à constância da leitura e do exercício com a escrita irão fortalecê-lo substancialmente, passando, então, a evidenciar um potencial conteudístico admirável. Os conhecimentos gramaticais o ajudam a produzir páginas inteiras enxutas, sem que se percebam costumeiros deslizes. A prática incessante é a ponte que se alarga à passagem da fluência, da clareza e da coesão textual.

Sem os arrimos citados anteriormente, não acreditamos na presença de um escritor, nem na ingenuidade de que ele já nasce feito, ou ainda: escrever trata-se de um DOM. Ele existe sim (o dom), mas sendo o da comunicação, restando desenvolvê-lo. Escrever é um exercício. Grandes escritores não se consideraram mágicos. Leram, estudaram com afinco e exercitaram-se constantemente na redação.

Carlos Drummond, Frederico Augusto Schmidt, Pe. Antônio Vieira ( o cearense) autor de “O jumento nosso irmão”, Rubem Braga e outros, todos deram depoimentos de como chegaram à produção escrita, nem um deles tocou no assunto DOM, no entanto foram unânimes quanto à prática das composições escolares no tempo de crianças e adolescentes. Realizavam, geralmente, uma atrás da outra. Já Adonias Filho, preparou-se a vida inteira a fim de ser escritor. Os alunos de hoje querem redigir?

Quanto ao indivíduo chegar à elaboração de um poema, acreditamos também em treino e leitura de inúmeros poetas. Atualmente, o aluno não faz isso por iniciativa própria, mas estimulado, acorda o literato que, porventura, exista dentro de si. Quanto à feitura de imagens, acreditamos no domínio das técnicas de fazê-las. Pode ser que, no íntimo de cada um, exista a latência de um poeta, mas necessitando de estímulo e estudo, porque depois de compreendido o “macete” , inexiste a dificuldade.

Concluindo, reiteramos o seguinte: não há magia nem dom para se aportar na produção textual, mas caminhos que precisam ser desbravados. Por sinal, ínvios e longos caminhos.

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ELIANE ARRUDA
Enviado por ELIANE ARRUDA em 20/12/2010
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