O mal estar na civilização

Quando o homem vivia na natureza em condições primitivas, bastava que o individuo tivesse forças suficientes para sobreviver. Porém nessa forma de vida não havia o que é chamado de justiça, mas o homem por ser um animal racional criou uma série de regras para assim conseguir viver em comunidade. Tudo isso com o intuito de promover um maior grau de justiça para ele, visto que sem leis não pode haver justiça.

Porém essas regras estão surtindo um efeito contrário, ou seja, ao invés de promoverem justiça e segurança, tudo que é notado em nossa sociedade, é um medo e uma procura por tais conceitos. Uma coisa que podemos dizer é que a liberdade do homem era maior quando este vivia sem qualquer um desses conceitos impostos pela civilização. Essa desestruturação é devida a uma série de acontecimentos históricos. Não existe uma data que possa ser dita como o ponto inicial de todo este desequilíbrio, mas podemos dizer que isso já estava presente quando houve a vitória do cristianismo sobre as outras religiões (pois no cristianismo essa vida terrena é de pouca importância).

Outro fato que deu origem a essa desestruturação pode ser atribuído, ao momento que o homem civilizado (com suas viagens) descobriu outros povos, e introduziu dentro deste a sua maneira de viver (a civilização).

Enfim esse descontentamento com a vida é devido ao fato que o homem percebeu os mecanismos de sua neurose, isto é, o homem tem consciência que o que está causando sua infelicidade são simplesmente as regras que sua sociedade lhe impõe, assim sua vontade é acabar com essas regras e deixar de ser neurótico.

O homem está desenvolvendo cada vez mais suas habilidades culturais. Tudo começou quando o homem decidiu utilizar instrumentos mecânicos, conseguiu controlar o fogo e viver em comunidade. No entanto com o surgimento de novas necessidades novas soluções foram criadas.

Antes os homens atribuíam aos deuses tudo aquilo que lhes eram inatingíveis. Hoje ele se aproximou bastante da Idéia de ter todos os seus desejos realizados, por isso ele próprio se considera um Deus.

Reconhecemos que o país atingiu um alto nível de civilização quando descobrimos que tudo que é útil para este, está disponível e é passível de ser conseguido. Reconhecemos, igualmente, como um sinal de civilização , verificar que as pessoas também orientam suas preocupações para aquilo que não possui qualquer valor prático, (para o que não é lucrativo). De imediato, constatamos que a primeira coisa que esperamos que uma boa civilização reverencie é a ordem, ainda esperamos que o homem civilizado cultive mais dois valores: a beleza, e a limpeza. Esses valores não são mais importantes para a vida, quanto o controle sobre as forças da natureza e outros detalhes, mas devemos entender que eles são praticamente fundamentais para nossa civilização e que sem esses três fatores não conseguiremos viver bem.

Nenhum aspecto pode caracterizar melhor a civilização do que sua estima e seu incentivo em relação as mais elevadas atividades mentais do homem. Entre essas idéias aparecem em primeiro lugar os sistemas religiosos. A seguir vem às especulações da Filosofia e, finalmente o que chamamos de ideais do homem. Porém o homem civilizado não deve deixar-se dominar por nenhum tipo de religião, qualquer sistema filosófico ou qualquer ideal. Apesar de onde eles se fazem presente encontramos um alto grau de civilização.

Outro aspecto que não podemos deixar de analisar, é a semelhança entre os processos civilizatórios e o desenvolvimento libidinal do individuo. Outros instintos (além do erotismo anal) são induzidos a deslocar as condições de sua satisfação, a conduzi-las para outros caminhos. Na maioria dos casos, esse processo coincide com o da sublimação. É impossível desprezar o ponto até o qual a civilização é construída sobre uma renuncia ao instinto, o quanto ela pressupõe exatamente a não-satisfação (pela opressão, repressão, ou algum outro meio?). Essa frustração cultural domina o grande campo dos relacionamentos sociais entre os seres humanos. Como já sabemos, é a causa da hostilidade contra qual todas as civilizações têm de lutar.

gilbertodetoledo
Enviado por gilbertodetoledo em 04/07/2008
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