À Liberdade!

“Ó Liberdade! Quantos Crimes foram cometidos em teu nome!”

Quando li que Madame Rolland gritou este grito no cadafalso, como se amaldiçoasse a sua maldita condição de condenada à guilhotina numa mão, e na outra, se agarrasse à nobreza de ser mulher burguesa com obra publicada, a 8 de Novembro de 1793, dia da leitura da sua sentença, no ribombar da revolução francesa, no germinar do Iluminismo político mais cínico da história da Humanidade, no amanhecer perverso do berço da revolução industrial, na introspecção tardia de Bonaparte sobre a República, no soluço fúnebre ainda adiado de Victor Hugo… descubro que este mundo tem mais sentido do que pensava.

A Liberdade não é uma dádiva, nunca foi. É uma conquista. Enganam-se aqueles que pensam na Liberdade como o soldo de sacrifícios humanos. A Liberdade é, por si só, o sacrifício. O soldo é a vida, a rara oportunidade de viver Livre.

Dedicado a Ana Marques