O amor é filme

Eu seguia interpretando com intensidade cada cena.. dando o melhor de mim, minhas melhores expressões, sentimentos e ações.

Dei a eles todas aquelas outras que hão dentro de mim e eles me cortaram de todas as suas cenas, me colocaram para a figuração.

Eu tinha de usar um figurino horrendo, meus olhos tinham de ficar parados sem nenhum movimento (pareciam mais olhos de vidro no corpo de uma boneca mal desenhada).

Minhas cenas e falas eram curtas, curtas até demais. Sem muito sentimento, sem muita expressão.

Fizeram da minha vida um filme ruim, um filme mal interpretado, mal editado.

Então pedi demissão da profissão de atriz coadjuvante, da minha figuração inconstante.

Resolvi escrever meu filme, minha história. Resolvi encenar minhas cenas com minhas próprias emoções. Resolvi escrever meu princípio, meio e fim.

Resolvi acabar com essas dores de amor, de paixões.. desses filmes toscos e sem sentimento, com um maldito envolvimento de corpos que mal sabem interpretar o que sentem.

Todos eles serão coadjuvantes. Cortarei cenas, demitirei atores e figurantes, mudarei cenários, chamarei dublês..

Pararei o tempo e recomeçarei com um "LUZ, CÂMERA, AÇÃO!".

Que comece a encenação do meu filme!

YIFS
Enviado por YIFS em 23/08/2010
Código do texto: T2453890
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