“Não importa qual seja a duração de nossa vida, ela é completa. O objetivo de viver não reside na duração, mas no que fazemos da vida.” – Michel de Montaigne (1533-1592) – filósofo renascentista francês.
 
Toda vida é inteira, mas pode ser dividida em fases, que vamos chamar de chances, para efeito expositivo.
O ideal é que a primeira chance de vida seja a única, e bem aproveitada, até o último coulomb da energia com que Deus carregou a pilha de cada um de nós ao nascer, somada com as cargas extras que eventualmente tenhamos adquirido no decorrer da existência.
Nem todo efeito é oriundo do mesmo tipo de causa. Há muitas causas involuntárias hereditárias ou ambientais. Algumas são por culpa in vigilando (por negligência na vigilância de si mesmo); outras, por culpa in eligendo (por falha na escolha dos alimentos, bebidas, modo de vida, companhias etc) do próprio doente.
No caso das doenças-efeitos retrorreferidas, não importa muito. O problema tem que se solucionar, se minimizar ou se controlar, seja da causa para o efeito, seja do efeito para a causa, ou nas duas direções, dependendo do tipo e da urgência. Busque-se apoio especializado no diagnóstico do problema e parta-se fortemente para sua solução viável definitiva.
 
Toda causa pode ser uma consequência. Toda consequência pode ser uma causa. Toda dor pode ser o sintoma de si mesma. Sua pior fase pode estar para vir. Para que ela não chegue, que se corra para debelar logo a atual fase da dor, mas que se corra, logo após, para o tratamento de toda a “via dolorosa”, de preferência indo até as causas das causas ou às origens das origens do problema. Antes que seja caro demais.
 
Na dúvida, cada um se observe e veja o que, até quando e onde pode condescender com qualquer das substâncias potencialmente nocivas, ainda que consideradas drogas leves, sem avariar sua embarcação psicofísica e sem naufragar sua arca ou arquinha financeira.
Não “enfrente” sozinho essas substâncias. Sempre que possível, reduza, sua ingestão.
O ideal é evitar viciar-se no que quer que seja. Que se busque o apoio de medidas compensatórias minimizadoras, como a ingestão paralela abundante de alimentos da natureza, juntamente com alimentos mentais e sentimentais de origens nobres e safras selecionadas, ladeado com a prática de algum exercício físico aeróbico, sistematicamente. Vai fortificar os corpos físico, psíquico e orçamentário.
Entretanto, no caso de drogas já reconhecidamente nocivas por todos, inclusive por seus usuários, o prejuízo real (e no Real) é mais imediato, principalmente quando se resvala em vício.
Quem tem alguma pré-consciência de onde pode dar o caminho que está seguindo, e pré-sabe que a partir de algum ponto da estrada não mais seguirá, mas será arrastado, tem mais é que parar, aos poucos, em ritmo uniformemente desacelerado, ou de vez, puxando logo o freio de mão, se necessário. Antes que seja tarde. O precipício pode estar na próxima curva. E não há sinais de aviso.
Parar, mas, na sequência imediata, tomar um caminho especificamente recuperador da velha saúde. Pode-se retornar à sua “velha religião” ou se filiar a uma corrente de pensamento mais condizente com sua nova forma de ver o mundo.
[Nesta fase mais nevrálgica de recuperação múltipla, a terapia preponderantemente religiosa pode levar vantagem sobre as demais formas. O recuperando submete-se não a uma “lavagem cerebral” stricto sensu (com intervenções químicas), mas a uma lavagem anímica lato sensu (pelo menos essa é a intenção das terapias religiosas). Metáforas à parte, ocorre mesmo é um processo de fortificação espiritual pela conscientização oriunda da fé. Quando dá certo, e quando a fé não afasta o drogadependente de sua própria consciência, então o caminho para a superação é sem maiores tropeços.]
Quem, contudo, não for chegado a rituais de fé ou a formações igrejísticas, pode simplesmente escolher sua própria forma de amar a Deus, o que inclui amar a si mesmo e ao próximo. O amor está acima de qualquer fé.
Estamos protegidos espiritualmente enquanto estivermos dentro das limitações do bem, mas não importa onde cada um esteja, ele sempre estará perto da zona limítrofe entre o território do bem e o território do mal, porque para onde quer que vamos, sempre levamos fragmentos do mal dentro de nós mesmos, no nosso corpo emocional, no nosso inconsciente, nos nossos instintos. Dai o “orai e vigiai sem cessar para não cairdes em tentação", que nasce de dentro de nós mesmos, principalmente nestes tempos de turbulências planetárias armagedônicas. O salto de qualidade para cima é tão viável quanto o salto de qualidade para baixo, a qualquer instante. Precisamos amar mais, principalmente a nós mesmos, em especial a nossos órgãos internos (coração, sangue, fígado, intestino, rins, etc). Não sejamos malignos com eles, que são criaturas inocentes e que nos pertencem. Tenhamos piedade de nós mesmos. Se fazemos o mal a nosso próprio corpo, judiando-o com a injeção de drogas comestíveis, fumívoras, alcoólicas, químicas etc, estamos entrando nas limitações do mal, estamos pactuando com os príncipes das trevas, que se fortalecem e se armam para destruir onde não há amor. São duas dimensões interconexas, onde se passa de uma para outra quase que instantaneamente. É só mudar o padrão mental. [Desculpe aí a imagem meio hieromitológica, mas... atrás de todo mito há um fundo de verdade.]
Amar a si é fundamental, a partir do físico e da alma. Amar não é só um sentimento. É uma energia superior, divina. Quando mobilizada, é capaz de mover uma cordilheira. E com a mesma medida com que nos amamos, amemos o próximo externo a nós. Portanto, viva a água! Abaixo os refrigerantes!

Josenilton kaj Madragoa
Enviado por Josenilton kaj Madragoa em 28/03/2011
Reeditado em 28/03/2011
Código do texto: T2874918
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