Delírio de Capgras

tolerância e individualidade feito pão com manteiga

ilimitadas vezes durante o ano

incontadas massas, vulneráveis trigos

no epitáfio que aqui jaz, dizia que "devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol se por"

se cobre com a mantinha pra não passar frio durante a noite

e usa óculos pra proteger de vez suas retinas, hipnotizadas gasopadamente por raios cortantes e saudáveis, por sinal.

renunciava livremente, filmava sem fita, pra não ter que gravar, decorar

perderia o novo, se o fizesse

abraçava o ontem pra traz, recolhia na trouxinha suas gavetas de meias e calcinhas, escolhia o tema intrapessoal pra dissolver seus textos, chutando de testículo em texticulo uma ideia provida de magnitude e perpetuação.

agradecia sorrindo por ser um passo a frente de quem pensa que está indo.

jogava a sorte pra cima, farreava com ela, chamava até de amiga.

era uma casa que não tinha teto, não tinha nada, mas não era o lugar onde o amor podia ir e vir.

era a resposta, no meio de qualquer guerra invisível, era o amor que não era uma briga, mas algo que vale a pena brigar.