Os 10 Anos do Curso de Biologia da FATEA

Os 10 Anos do Curso de Biologia da FATEA

Luiz Eduardo Corrêa Lima

INTRODUÇÃO

Desde já peço que me desculpem, mas terei que falar de mim, pois a história do Curso de Biologia da FATEA se confunde com a minha sob vários aspectos e por isso mesmo, algumas vezes eu não consigo separar as duas histórias totalmente. Por isso mesmo, também peço desculpas desde já, se acontecer de eu me emocionar demasiadamente em algum momento do relato.

Na verdade, a História do Curso de Biologia da FATEA começa muitos anos antes do próprio projeto de criação do curso. Ainda no início da década de 1980, lá na UNITAU, eu e alguns de meus alunos do Curso de Biologia daquela instituição de Ensino, já comentávamos sobre a possibilidade de fazer um curso de Biologia com o enfoque regionalizado e mais centrado no nosso Vale do Paraíba.

Eu sempre me questionei muito sobre o que era, até então, o Biólogo formado no Brasil e que tipo de profissional era esse? Um sujeito que a princípio poderia ter uma infinidade fantástica de atribuições. Num país como o nosso, de tamanha dimensão e biodiversidade, essa questão do leque de atribuições é muito mais complicada ainda do que em outros lugares de menores dimensões. Penso mesmo que seja bastante difícil se assumir efetivamente Biólogo ou Naturalista, como éramos anteriormente chamados, num ambiente tão grande e com o imenso grau de diversidade natural que o Brasil possui. O pior de tudo é que muitos de nós temos um Diploma de Bacharel em Biologia reconhecido pelo MEC, eu mesmo sou um exemplo desses casos e estou certo de que aqui existem outros na mesma situação.

Esse Diploma a meu ver é uma grande mentira, porque ninguém é capaz de conhecer toda a Biologia, mormente num país tropical de megabiodiversidade, de tremenda magnitude natural e que possui a quinta maior área geográfica do planeta. Aliás, indo um pouco mais além, sou capaz de dizer que inúmeros Biólogos, principalmente os mais recentemente formados, são incapazes de definir conceitos biológicos extremamente simples, mas essa é outra história. O Brasil é um grande colosso do ponto de vista de sua abrangência natural.

Assim o Diploma de Bacharel em Biologia, só pode ser uma piada. Mas, como eu já disse, muita gente tem esse mesmo Diploma mentiroso que eu tenho e que me dá direito, a mim e a todos que o possuem, de falar sobre qualquer coisa no que diz respeito à Biologia, mas ainda bem que a maioria dos Biólogos se restringe a uma determinada área de atuação.

Por conta dessa grandeza que é o conhecimento biológico e da impossibilidade natural de alguém assumir todo esse conhecimento, sempre entendi que a formação do Biólogo brasileiro tinha que ter limites dimensionais claros, tanto geográficos, quanto efetivamente biológicos, porque além das diferentes regiões geográficas e as áreas de atuação, os Biomas e os respectivos Ecossistemas que compõem essas grandes áreas biogeográficas são também bastante diversificados e distintos. Na minha cabeça, aqui no Brasil, os cursos de Biologia deveriam ser cursos regionalizados e sempre comentei isso com meus alunos, particularmente aqueles alunos com que convivi mais proximamente, meus estagiários e orientandos.

Entretanto, lá na UNITAU, onde comecei a lecionar Zoologia em Cursos regulares de Biologia, aqui no Vale do Paraíba, em agosto de 1980, ou seja, há 31 anos, minha visão e minha opinião pouco importavam e sempre acabavam sendo sobrepostas por outras mais antigas, mais conservadoras e sobretudo, mais poderosas, embora na maioria das vezes, também menos competente, menos justas e bem menos relevantes à formação profissional do Biólogo. Segundo consta, eu era muito jovem e falava de mais. Ainda bem que eu continuo falando de mais, só lamento não ser mais tão jovem quanto era naquela época.

Aliás, minha mentalidade pioneira e vanguardista sempre me trouxe muitos problemas, mormente na UNITAU, aonde o conservadorismo daquela época chegava às raias da alienação e não sei hoje mudou muito do que era. Quem me conhece há mais tempo e quem conseguiu conviver comigo por muito tempo, como é o caso do Paulo Sena, sabe bem o que eu estou falando. E até hoje é assim, pois, como diz o ditado: “pau que nasce torto morre torto” e eu continuo falando muito sobre as coisas que me interessam. Podem ter certeza que a Biologia é uma dessas coisas que me interessa muito. Desta forma, não sei dizer se feliz ou infelizmente, eu não aprendo e continuo sendo um sujeito que incomoda, porque estou sempre um pouco à frente do meu tempo, particularmente no que diz respeito às coisas da Biologia.

A grande verdade é que a maioria das pessoas tem muito medo de sair das suas respectivas zonas de segurança e assim, não se arriscam às novas experiências e nem tentam novas empreitadas, preferindo viver no seu mundinho medíocre e repetitivo. Nos cursos de Ciências e Biologia por onde passei e foram muitos, na FAHUPE, UFRJ, UFRRJ, UERJ, UFPR, UNITAU, UNICAMP, USP e aqui FATEA, eu de alguma maneira sempre tentei intervir, sempre causei problemas e sempre fui olhado com maus olhos pelos superiores administrativos, porque eu pensava e assim efetivamente criava e até hoje crio muitos problemas, principalmente quando vejo coisas erradas acontecendo.

Aliás, para mim, “pensar e criar problemas” e infelizmente para a maioria das pessoas que convivem profissionalmente comigo eu penso bastante e isso historicamente sempre pareceu incomodar a essas pessoas. Ainda bem que a visão dos meus alunos sempre esteve mais perto da minha e que eles costumam gostar de mim e principalmente do meu trabalho, independentemente do que costumam pensar os administradores. Sofri e minha família também sofreu muito com isso, mas apesar de tudo, sempre dormi muito bem e não me arrependo de nada porque lutei e luto por causas justas: luto por minha profissão e como ela pode interferir na melhoria da qualidade de vida das pessoas e luto pelos meus futuros colegas de trabalho e que deverão continuar a minha luta.

Mas, deixa isso para lá, são águas passadas que não cabe serem discutidas aqui. O nosso assunto aqui é a história do curso de Biologia da FATEA e não aquilo que eu penso ou deixo de pensar. Mas, por outro lado, ainda bem que eu já me preocupei em pedir desculpas desde o início. Então, vamos em frente.

O que eu queria dizer com toda a falação anterior é que naquela época na UNITAU, eu o Paulo Sérgio de Sena, a Sônia Maria Cursino dos Santos, o saudoso e inesquecível Cláudio Pereira Nogueira, o Eduardo Santos Guimarães, a Christina Hamberguer, o Wilson Ferrari, o Paulo Eduardo Guzzo Coutinho, a Honorly Kátia Mestre Corrêa, a Kátia Cursino Ferraz, Danniella Araújo dos Santos e tantos outros que comigo conviveram, inclusive a Júlia Maria dos Anjos Corrêa Lima, a mulher com quem me casei, tive três filhos e convivo há mais de 31 anos, já pensávamos num curso de Biologia bem diferente e regionalizado. Eu me preocupava muito com fato de estar no Vale do Paraíba, a região mais desenvolvida do país, caminho obrigatório entre as duas maiores metrópoles nacionais e as pessoas daqui não estarem nem um pouco preocupadas com seu próprio desenvolvimento e viverem a reboque do Rio de Janeiro e de São Paulo. De alguma forma eu procurei incutir isso na mente de meus alunos mais próximos e acredito que todos eles, a seus respectivos modos, passaram a pensar como eu.

O Vale do Paraíba tem que ter identidade própria e no que diz respeito à Biologia e principalmente aos seus recursos naturais, pois certamente essa é a região no Brasil que resume a maior diversidade geológica, geográfica e biológica do país, na menor dimensão geofísica. Somos uma área geográfica diminuta desse país imenso, se comparada a outras áreas de outras regiões, porém temos uma grande diversidade de ambientes naturais primitivos em pouquíssimo espaço físico, o que nos coloca numa condição sem comparação com qualquer área geográfica de qualquer outra região do Brasil.

Por esse fato, eu sempre acreditei ser fundamental conhecermos bem esse nosso pedaço de terra, do qual lamentavelmente ainda não conhecemos quase nada do ponto de vista biológico-naturalístico, mas estamos trabalhando muito para diminuir essa diferença, tirar o nosso atraso e tentar apagar essa lacuna importante. Por conta disso e de vários outros aspectos eu sempre pensei que era fundamental estudar o Vale do Paraíba do ponto de vista biológico-naturalístico, até mesmo para ajudar a compreender a história da região valeparaibana e grande parte da ocupação desse nosso país continental.

A FATEA EM MINHA VIDA

Em 1989, convidado pela Irmã Olga de Sá, nossa Diretora, emprestei meu Curriculum vitae à FATEA para compor a equipe de professores da instituição que seriam responsáveis por disciplinas do Curso de Fonoaudiologia, que a FATEA pretendia criar. Naquela época o Paulo Sena já trabalhava aqui, ele era professor do Instituto Santa Teresa e também ministrava aulas no Curso de Graduação em Economia Doméstica da FATEA, curso em que eu também trabalhei algum tempo depois.

O Curso de Fonoaudiologia foi aprovado pelo MEC e assim, em 1990, vim trabalhar aqui na instituição, sendo responsável pela disciplina de Fundamentos de Biologia no referido curso. Eu e o Paulo dividíamos a disciplina, eu ministrava a parte teórica e ele a parte prática. Éramos as “Duas Colunas do Templo de Salomão, Joaquim e Boaz”, como dizia o saudoso Professor Arthur Diniz Neto ou a “Dupla Dinâmica” como dizia o grande amigo Luiz Carlos Peres Júnior ex- funcionário da Secretaria. Nesse período, por várias vezes, nós dois ocasionalmente comentávamos sobre a possibilidade da criação de um curso de Biologia aqui na FATEA, mas a coisa não saía das nossas parcas especulações e nunca ia para frente.

O tempo passou e durante 10 anos, vez por outra, trocávamos idéias sobre o nosso sonho, qual seja, o curso de Biologia na FATEA. De repente, no ano 2000, ficamos sabendo que a Irmã Olga havia contratado uma empresa de São Paulo para organizar um Curso de Licenciatura Plena em Biologia aqui na nossa instituição. Ficamos contentes por um lado, poderíamos crescer na instituição e mostrar um pouco mais de nossa capacidade e de nosso trabalho, mas ficamos frustrados, porque embora aquela fosse a grande chance que nós queríamos, que esperávamos e que sonhávamos fazia muitos anos, infelizmente nem foi perguntada a nossa opinião sobre o assunto. Nós éramos os dois únicos Biólogos existentes na FATEA naquele momento e no início nem havíamos sido informados oficialmente sobre o desenvolvimento do projeto.

Em certo sentido, tudo aconteceu em segredo, para evitar que a concorrência pudesse descobrir o projeto e copiá-lo ou tentar interferir de alguma forma. Naquela época a Irmã Olga comandava a escola praticamente sozinha e ninguém dizia quase nada sobre os assuntos administrativos da instituição, porque ela era a Diretora e ela tomava as decisões dentro de sua coerência e de forma praticamente individual. Talvez, apenas a Cida (Secretária da FATEA) fosse outra pessoa que pudesse saber um pouco mais das coisas que aconteciam na instituição.

A empresa de São Paulo concluiu o projeto e o mesmo seguiu para Brasília. No início de 2001, graças a Deus e a Santa Teresa D’Ávila, o Conselho Nacional de Educação reprovou o curso colocando uma série de restrições ao projeto. Nesse exato momento, surgiu a chance que eu e o Paulo tanto esperávamos. Assim que ficamos sabendo da negativa do Conselho fomos até a Cida e pedimos para que ela tentasse convencer a Irmã Olga de que nós mesmos poderíamos desenvolver o projeto e organizar um curso de Biologia, já que havia interesse da FATEA. Garantimos que isso não traria nenhum ônus adicional à instituição, que já havia investido e perdido dinheiro com a empresa de São Paulo na primeira tentativa. A Irmã Olga, após pensar um pouco, conversou conosco e resolveu deixar por nossa conta o projeto da criação do novo curso, o Curso de Licenciatura em Biologia da FATEA.

Eu e o Paulo trabalhamos muito para montar o projeto e a estrutura do curso, mas antes do final de 2001, estava tudo pronto e o material foi encaminhado para Brasília. Ficamos aguardando numa grande expectativa. De repente, no final do mês de março de 2002, a Cida nos avisou que o Diário Oficial da União havia publicado que o curso estava aprovado e que a FATEA estava autorizada a começar o seu funcionamento. Meus amigos, certamente aquele foi um dos dias mais felizes da minha vida e tenho certeza que da vida do Paulo também. Tínhamos vencido uma grande batalha, tínhamos mostrado que éramos capazes e principalmente tínhamos alcançado o nosso sonho maior, um Curso de Biologia para o Vale do Paraíba e com a nossa cara.

Pensamos em começar o curso logo no mês de abril, mas alguns problemas seriam criados e teríamos muito transtorno para operacionar toda a situação. Como já estava aprovado mesmo, podíamos esperar mais um pouco. Assim, marcamos o vestibular para julho e o curso começou a funcionar em agosto de 2002.

O PRIMEIRO VESTIBULAR E A PRIMEIRA TURMA

Durante os meses de maio e junho nos preocupamos com a organização do vestibular de meio de ano, que nunca havia ocorrido na FATEA e que depois também nunca mais aconteceu. Ou seja, aquele foi o único vestibular de meio de ano na história de nossa instituição e só ocorreu por conta da nossa vontade de começar logo o nosso curso de Biologia. Tivemos 42 inscritos no vestibular, o que foi número mais que suficiente para pensarmos efetivamente em abrir a nossa primeira turma.

Logo após o vestibular foi efetivada a primeira turma, com 36 alunos matriculados. A Irmã Olga e o Paulo acertaram entre eles que eu seria o Coordenador do Curso e agora aproveito para mais uma vez a agradecer ao Paulo pela sessão pessoal do cargo que muito me orgulhou e do qual me ocupei e permaneci à frente por 5 longos anos.

Bem, como eu já havia dito, o curso começou a funcionar em agosto de 2002 com 36 alunos, mas ainda existiam inúmeros problemas e pendências de coisas que deveriam ser desenvolvidas e realizadas no projeto aprovado pelo MEC, até a formatura da primeira turma. Assim, teríamos 4 anos, na verdade 3 anos e meio, para dar andamento ao curso e arrumar todas as pendências do projeto.

Obviamente muitas coisas ainda eram bastante precárias e alguns alunos reclamaram muito e acabaram por desistir do curso. Chegamos ao final do ano com 32 alunos e ao final do curso com 28 alunos, numa perda total de 22%, o que foi um resultado fantástico para um curso novo e ainda se estruturando. Mas, enquanto isso, as novas turmas surgiam e cada vez maiores, em 2003 mais uma turma. Em 2004 o vestibular superou todas as expectativas e tivemos duas turmas, o que se repetiu também em 2005 e 2006, por conta da crescente procura pelo curso. Chegamos a quase 400 alunos em 2006.

Só em abril de 2007, o MEC veio fazer a avaliação para o reconhecimento do curso, já com um atraso de quase um ano, pois o MEC teve uma série de problemas administrativos e assim demorou muito para fazer a visita de avaliação do curso, a qual deveria ter ocorrido até agosto de 2006, mas só aconteceu em abril de 2007. Na última semana de junho, dois meses após a vinda do MEC para avaliar a instituição e o Curso de Biologia da FATEA, chegava o resultado da tão esperada avaliação.

Pasmem Senhores, mas o nosso curso não só havia sido aprovado, como estava colocado como o melhor Curso de Licenciatura Plena em Biologia da Região do Vale do Paraíba, superando todas as expectativas e inclusive a UNITAU e a UNIVAP. Fizemos uma grande festa, um churrasco no IBAMA com mais de 150 pessoas, para comemorar a grande notícia. Acho que foi a maior festa que já fizemos.

Nessas alturas eu entendi que a minha missão já estava cumprida e que estava na hora de passar o bastão da Coordenação do Curso para as mãos do Paulo, para ele seguir dando asas ao nosso curso e continuidade ao nosso sonho. O que, aliás, ele tem feito muito bem, pois continuamos seguindo no caminho do sucesso, apesar de algumas dificuldades e acidentes de percurso.

O MATERIAL HUMANO DO CURSO

(Professores, Técnicos e Funcionários)

Na área de formação específica da Biologia, o curso começou com três Biólogos (eu, o Paulo e a Sônia Maria Cursino dos Santos). Logo no início, por questões particulares a Sônia não pode mais continuar e aí veio a Iva (Ivanea Vasques Cruz), além de uma Agrônoma (Sandra Maria Pereira da Silva). A cada ano ingressavam novos profissionais, primeiro veio o Eduardo Santos Guimarães, o famoso Dú, depois o Luiz Fernando da Silva Martins, a Maria Cristina Damian, a Cláudia Albuquerque Linhares, a Christmas Maria Vidal Barros Rego e a Ana Maria Cugliana Pereira, todos biólogos.

Além disso, na área básica, trabalharam também desde o início do curso os professores: Mary Yokozawa, Gláuco José Rodrigues Azevedo, Marcílio Faria da Silva, Adilson da Silva Mello, Adriano José Serbile de Souza, Shirley Scabarite Silva e Elisabeth Hoffmann e a Alexandra Andrade (Agrônoma).

O mais interessante é que, com a exceção da Iva, que acabou sendo uma contratação emergencial por conta da dificuldade da Sônia e também da Alexandra, todos os demais Biólogos e Agrônomos que passaram pelo curso até a formatura a primeira turma tinham sido alunos meus na UNITAU. Isto quer dizer o seguinte: eu sabia exatamente quem trazia para o curso e construía o grupo com pessoas qualificadas e conhecidas. O Paulo me indicou a Iva e embora eu não a conhecesse, sendo uma indicação do Paulo, tinha que ser ótima e com certeza ela foi uma grande aquisição e que, graças a Deus, até hoje está conosco. A Alexandra, profissional competentíssima, infelizmente não permaneceu conosco porque recebeu uma excelente proposta de trabalho na OIKOS, onde atua até hoje.

Depois o grupo começou a mudar e aí vieram outras pessoas. Na área profissionalizante vieram os Biólogos Laura, Ricardo e Rafael, além do meu amigo particular Edilson de Paula Andrade (Geólogo) e do agrônomo Luciano Ricardo Marcondes da Silva, depois o Geográfo Henrique Alkmim Prudente e a também, mais recentemente, Agrônoma Katiúcia Dias Fernandes. Para a área básica vieram o meu grande amigo João Geraldo dos Santos Júnior (Filósofo) e o Darci Queluz, que por questões trabalhistas lamentavelmente não estão mais conosco.

Atualmente também se juntaram ao grupo alguns novos professores, que eu infelizmente ainda não conheço direito e assim prefiro não citar para não cometer exageros e nem deslizes na informação. Entretanto, possa afirmar que todos, desde os pioneiros e fundadores até os atuais têm tido uma participação fundamental e com certeza estão somando cada vez mais para o desenvolvimento do curso.

Nosso corpo técnico se compôs também de profissionais experientes e competentes, o José Eduardo Freitas, a Raquel Guedes, o Joaquim Pedro Avelísio e obviamente o nosso pessoal da limpeza e da manutenção, a Rosa, a Marta, o Afonso que por tanto tempo foi o nosso guarda lá no outro prédio. Todos indistintamente merecem os nossos agradecimentos, porque sabemos que eles também foram e alguns ainda são peças importantes no nosso sucesso.

O CURSO HOJE E NO FUTURO

Nesses quase 10 anos de funcionamento, o curso de Biologia da FATEA passou por várias mudanças e, como nem tudo é perfeito, também andou por períodos não muito bons, mas já voltamos para os eixos e acredito que a Biologia da FATEA caminha a passos largos para o infinito. O Paulo, que é muito mais sensato do que eu, está fazendo as coisas caminharem devidamente e eu estou fazendo o que posso para ajudá-lo na condução do curso. Este ano já recuperamos a Licenciatura Plena de 4 anos, que havíamos perdido no início de 2008 e estamos planejando a criação de um Bacharelado Específico para o período da manhã.

Temos conseguido bolsas de Iniciação Científica para alguns alunos através da FAPESP, do CNpQ, do INPE e alguns deles têm se destacado nos diversos ramos da Biologia nas apresentações de seus trabalhos nos inúmeros Encontros de Iniciação Científica ocorridos aqui na região e nas redondezas. Temos participado ativamente de vários eventos nacionais e mesmo internacionais, pois temos produzido e desenvolvido algumas coisas de significativo valor regional e temos discutido e apresentado em muitos eventos técnicos, científicos e educacionais na região, no estado e mesmo em outros estados do país.

Temos procurado estar sempre presentes nos eventos em que são discutidos as questões que da alguma maneira se relacionam à Biologia em nossa região e por isso mesmo fazemos parte de vários colegiados que trabalham com os problemas ambientais, educacionais e políticos do Vale do Paraíba, tanto localmente, aqui na cidade de Lorena, quando nos demais municípios da região.

Ainda nesse ano, estaremos lançando a nossa Revista Eletrônica, a JANUS – Série Biologia, que será a primeira revista eletrônica de Biologia da região, além de ser um espaço exclusivo para as nossas publicações, o qual certamente trará também grandes vantagens ao nosso curso e ao nosso pessoal.

Enfim, nosso destino, como eu já disse, parece ser o infinito. Estamos completando 10 anos, apenas 10 anos e já realizamos muito. Entretanto 10 anos é muito pouco tempo para aquilo que sonhamos. Somos muito jovens e por isso mesmo temos certeza de que ainda vamos crescer muito mais. Sinto pena que a vida humana seja curta e que eu não estarei aqui por muito mais tempo, mas acho que ensinei alguma coisa boa para algumas pessoas, particularmente para o Paulo e todos os meus seguidores mais próximos, meus filhos profissionais como eu os chamo carinhosamente.

O Paulo que é certamente um de meus filhos profissionais mais brilhantes parece ter aprendido direitinho que é preciso brigar e cometer algumas loucuras e pensar sempre na frente. Estar na vanguarda é uma obrigação de quem quer mudar as coisas para melhor. Ser diferente e fazer melhor é uma necessidade contínua, mormente nos tempos atuais em que tudo muda muito rapidamente. Não há tempo para perder.

Por isso mesmo, não tenho dúvidas que o Paulo vai continuar dando brilho ao curso de Biologia da FATEA e seguindo na vanguarda e mais, quem vier depois dele terá também essa obrigação. Nosso sonho é nosso legado. Fiz a minha parte, ele está fazendo a dele e quem vier tem que estar inserido na mesma linha de pensamento para continuar conduzindo o sonho e transformando esse sonho na realidade cotidiana.

Para terminar, quero dizer, mais uma vez para os Senhores, meus alunos, meus colegas de profissão, meus amigos e meus companheiros de luta, algo que sempre digo nas minhas primeiras aulas nas diferentes turmas dos cursos de Biologia por onde passei e os senhores certamente já me ouviram dizer isso: “eu não sou biólogo por acaso e para mim a minha profissão é a coisa mais importante de todas, em certo sentido, mais importante até que a minha família, pois foi ela que me permitiu construir a minha família”.

Aliás, no meu caso específico, isso é mesmo uma grande verdade, porque conheci minha mulher como minha aluna na Faculdade, ministrei aulas de Zoologia para ela e depois também ministrei aulas de Biologia para os meus filhos. A minha família é consequência de minha atividade profissional como Biólogo e como Professor de Biologia, pois se não fosse Biólogo talvez não tivesse vindo parar aqui no Vale do Paraíba e certamente não teria a maravilhosa família que tenho.

Caramba! Com esse valor que dou a minha profissão, ter sido de alguma forma escolhido, ainda que ocasionalmente, para organizar um curso e formar outras pessoas na minha profissão, naquilo que resolvi seguir na minha vida é para mim, o grau máximo que qualquer profissional pode atingir. Eu cheguei nessa condição e o mais interessante, com respeito e reconhecimento daqueles sempre me acompanharam, os meus alunos e discípulos. Profissionalmente sou um homem efetivamente realizado.

O que imagino agora é que quando eu estiver lá do outro lado, de vez enquanto eu gostaria de poder dar uma olhadinha para aqui, a fim de conhecer os meus novos companheiros de profissão, que serão formados no curso que eu sonhei, idealizei e fundei com um de meus filhos profissionais mais velhos, o Paulo, mas com a anuência, ainda que distante de todos os demais.

O 3 de setembro foi sábado, alguns já fizeram uma festa para comemorar a data fora daqui. Houve Churrasco no sábado e infelizmente eu não pude ir. Porém, hoje estamos aqui e esta é a nossa comemoração oficial da nossa escola. Então, parabéns mais uma vez a todos nós e vida longa aos Biólogos do Brasil e em particular aos oriundos do Curso de Biologia da FATEA. Fico aqui torcendo para que depois do Luiz e do Paulo, possam vir realmente outros idealistas e sonhadores que queiram ver da mesma forma que nós dois, a Biologia do Vale do Paraíba crescendo, produzindo professores e pesquisadores preocupados em formar melhor os futuros cidadãos de nossa região.

Só mudaremos o mundo, mudando primeiro a casa da gente. As pessoas daqui têm que aprender as coisas daqui antes das demais. É fundamental que nossas crianças, conheçam e aprendam sobre nossas coisas e por isso, os nossos professores de Ciências e de Biologia têm que conhecer a nossa região, pois só assim poderão ensinar sobre ela para as nossas crianças.

Acreditem em mim e daqui a alguns anos, talvez muitos anos, porque educação leva tempo, os futuros cidadãos do Vale do Paraíba certamente estarão conhecendo melhor a nossa região, graças ao trabalho que nós estamos desenvolvendo hoje. Ou melhor, que pensamos há mais de 30 anos e que começamos a desenvolver há quase 10 anos atrás. Eu me sinto muito feliz em ser um dos precursores dessa idéia e fico muito mais feliz ainda, quando vejo que ela está alcançando 10 anos e com grandes perspectivas de contínuo crescimento.

Agora eu quero agradecer, sobretudo ao Paulo, por ter me permitido esse momento, que sei que é tão meu quanto dele e agradecer também a vocês todos aqui presentes, que têm permitido tornar realidade o sonho desse velho mestre.

Muito obrigado e parabéns a todos nós pelos 10 anos do nosso curso de Biologia da FATEA e pelos 32 anos de Regulamentação da Profissão de Biólogo no Brasil.

Luiz Eduardo Corrêa Lima

Lorena, 06 de setembro de 2011