Cético com espírito

É incrível como me tira o chão, como viver sem paradigmas é difícil. Sempre tento e tentei me ter, nunca pelo homem que sou ou fui, mas pelo homem que posso ser; pelo homem que quero, no fundo, ser. Não obstante me parece, cada vez mais, que o mal que me caracteriza é meu método, minha satisfação e meu fim. É difícil querer ser algo que, muitas vezes, sequer tento, que não me impulsiono, não me disponibilizo ser.

Talvez seja mesmo um predestino de espírito e carne, algo que me puxa psicológica e fisicamente, uma inclinação ao escuro, mesmo querendo tanto eu ser claro. É sinceramente difícil me tentar auto consertar, quando no fundo sei que talvez não me encontre insuficiente, quebrado ou inconsciente. Essa é a causa de tanta desmotivação, da falta de disposição, dos erros e mais erros, talvez o certo pra mim é predestinadamente errado, talvez eu tenha que servir a quem ou ao lado que não quero, talvez eu seja quem eu não gostaria de ser: mau.

Jamais, porém, acreditarei nesses fatos ou nessas possibilidades, serei um cético, alguém que ignora a própria característica, alguém que somente assim consegue viver sem desentusiasmo (no sentido etimológico da palavra). Meu espírito não será entregue a ninguém. Serei um fracassado (por sempre errar e não conseguir, muitas vezes, ser o que posso tentar ser), contudo serei forte. Exijo, portanto, a compreensão dos cercantes para não apostarem num fracasso, assim o peso da decepção será um problema a menos para mim e para a gravidade.