Discurso de um tolo
Há uma palidez mórbida envolta na atmosfera em que me insiro.
A falta de completude em meu ser deixa um rastro triste no mundo.
Cada vez que penso nisso me decepciono com o que encontro.
Não sei até que ponto sou senhor de tamanha desgraça.
Não bastasse minha própria degeneração, sou constantemente pisoteado.
São golpes duros no meu espírito marginalizado.
Tentam regrar-me, esculpir-me ao mais sóbrio gosto comum: digerível.
Me fazem pequeno para encherem o próprio peito até corarem, orgulhosos.
Me tolhem, dia após dia, com a infame realidade.
Estou cheio desses realismos destruidores. E me canso disso.
Me canso de voltar a esse estado de espírito, de existência.
Estou num ciclo sombrio, sem perspectivas. Quem vem me ajudar?
Minha alma solitária vaga por becos seguros e confortáveis. Minha vida não mudou.