Desculpem-me

Ainda era pequena quando me disseram: é importante agradar os outros. Sim, de fato era importante e aquilo me fazia ser vista. Diziam: Mas que menina educada! Que amor de criança! E eu era.

Um dia simplesmente deixei de ser. Não era mais uma pessoa, nem sequer poderia me chamar de um ser vivo. Eu ainda respirava e sim, as vezes um sorriso saia de meus labios, mas infelizmente, eu havia deixado de existir.

Agradar era uma obrigação e agradar aos outros desagradava a mim.

Aquele era meu fardo: fazer o que queriam que eu fizesse, falar o que esperavam ouvir, agradecer, abaixar a cabeça, culpar-me pelo o que há de ruim no mundo, calar-me, obedecer.

Sim, eu deixei isso acontecer.

Não culpo a ninguém.

Eu sei o que esperam ouvir...

Desculpem-me.

Boa noite.