Começar escrevendo que o dia está lindo e ensolarado, os pássaros incansáveis em seus cantos, o silêncio sendo quebrado pelo som que toca no meu MP3..., me parece repetitivo, desde que essa tem sido uma constante rotina tanto do dia quanto minha.
Essa vida pacata em Lambari, onde me destaco pela elegância e altivez (como dizem), adquirida em meu mundo nova-iorquino e elogiada pelos nativos, se confunde com tantas outras quando estou em Nova York. Cidade onde todos estão sempre lindos e deslumbrantes. Aqui sou destaque, lá sou apenas mais uma no meio da multidão.
A vida aqui na Serra é diferente do resto do planeta... O mundo aqui é: “amavelmente distante”... Nele observo coisas, por mim despercebidas por não parecerem importantes, quando estou em meu mundo deslumbrante. Até mesmo as formiguinhas trabalhando, no transporte dos pedacinhos das folhas das roseiras, me parecem especiais.
Eu sei que não importa onde estivermos a felicidade está dentro de nós, quando ela é real! A diferença é que aqui na serra, observo nas pessoas uma "felicidade simples". Se é que é possível descrevê-la assim... E essas observações sobre a felicidade me levaram a alguns questionamentos. Mas, eu não vou falar sobre isto agora.
Até os cachorros que apesar de serem menos altivos e elegantes do que os cachorros nova-iorquinos eles são mais livres; mais identificados, entre si, com suas raças. Eles correm em bando e se deleitam nos prazeres carnais, quando sentem vontade, e, quando cansados de tanta liberdade, voltam para seus respectivos "habitat". Não há quem os controle... E isto não tem preço!
Enquanto nós somos controlados até a medula: pela família, pelo amor, pelo sistema, enfim... Até mesmo pelas paredes do espaço em que vivemos!
Sou adaptável porque amo ser: contente, sorridente, alegre... Contudo, há em mim o lado da cobrança que precisa viver coisas diferentes das que eu vivo em meu cotidiano. Preciso, às vezes, ficar só... Acompanhando-me de mim mesma. Vivendo em um cenário oposto. Tendo tempo também para poder me observar...
Essa necessidade que sinto não é exclusividade minha. Chico Buarque quando a sente, refugia-se em Paris. Não importa o lugar ou o cenário, o que importa mesmo é termos esse lugar e o tempo disponível para viver nele.
O que encontro aqui, na serra, eu colho! E essa colheita eu levo comigo e presenteio as pessoas que amo e que, ansiosos, me aguardam em casa.
Mari S Alexandre
Enviado por Mari S Alexandre em 13/05/2014
Reeditado em 10/08/2014
Código do texto: T4804456
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